sábado, 4 de outubro de 2025

Super Gênios e Gênios em épocas distintas na Fórmula 1.

 Existem diversos atletas considerados gênios do esporte devido à sua combinação de talento, visão de jogo, inteligência e resiliência. A genialidade de cada um se manifesta de forma particular e marcante em sua modalidade. 

A seguir, a genialidade e as características de alguns dos maiores ícones do esporte:

Michael Jordan (Basquete)

Talento e atletismo: Seu estilo de jogo era dinâmico e forte, com jogadas aéreas espetaculares e enterradas inacreditáveis que o tornaram o jogador mais emocionante do basquete.

Mentalidade inabalável: Jordan encarava os desafios como oportunidades de crescimento, usando as derrotas e as críticas como motivação.

Instinto competitivo: Ele transformava a competitividade em uma arma para evoluir e vencer, sendo um dos jogadores que mais acumulou títulos e detendo a maior média de pontuação da história da NBA. 

Lionel Messi (Futebol)

Visão de jogo e execução: Considerado um talento transcendente, Messi hipnotiza o público com sua visão de jogo e execução magistral.

Habilidade e consistência: Ele redefiniu o que é possível em campo, com uma habilidade excepcional, visão de jogo e uma capacidade consistente de marcar gols.

Autoconfiança e inteligência: Sua autoconfiança e entendimento do jogo intimidam os adversários, que muitas vezes se sentem diminuídos ao enfrentá-lo. 

Roger Federer (Tênis)

Estilo e elegância: Conhecido pela sua técnica refinada e movimentação fluida em quadra, que fazia o tênis parecer fácil.

Inteligência e reinvenção: Sua longevidade no esporte, adaptando e reinventando seu jogo ao longo dos anos, é prova de sua inteligência tática.

Legado vitorioso: Além do sucesso nas quadras, deixou um legado de partidas memoráveis e uma personalidade inspiradora. 

Wayne Gretzky (Hóquei no gelo)

Inteligência e leitura de jogo: Embora não fosse o mais rápido ou atlético, Gretzky possuía uma inteligência e leitura de jogo incomparáveis, antecipando onde o disco estaria.

Posicionamento estratégico: Ele se notabilizou por sua capacidade de se posicionar de forma estratégica, inclusive atrás da rede, para criar jogadas.

Representante do esporte: Além de sua habilidade no gelo, era conhecido por sua classe e dignidade fora dele, tornando-se um dos melhores embaixadores do hóquei. 

Serena Williams (Tênis)

Atuação impecável: Dominava as adversárias com atuações impecáveis, conquistando múltiplos títulos de Grand Slam.

Influência e voz ativa: Além do talento esportivo, usou sua influência e voz para promover transformações sociais.

Mentalidade de campeã: É a terceira tenista que mais tempo permaneceu no topo do ranking da WTA, demonstrando sua mentalidade e competitividade. 

O esporte, ao longo da história, foi palco de talentos extraordinários que redefiniram seus limites e deixaram um legado duradouro. A seguir, uma seleção de alguns dos maiores gênios esportivos em diferentes épocas e modalidades: 

Futebol

Pelé (décadas de 1950 a 1970): Considerado por muitos o maior jogador de futebol de todos os tempos. Liderou a seleção brasileira em três títulos de Copa do Mundo, encantando o mundo com sua habilidade, visão de jogo e número impressionante de gols.

Diego Maradona (décadas de 1980 e 1990): Gênio argentino, conduziu a Argentina ao título da Copa de 1986 com atuações inesquecíveis. Sua técnica, dribles e domínio de bola eram únicos.

Lionel Messi (décadas de 2000 a 2020): Conquistou inúmeros prêmios individuais, incluindo várias Bolas de Ouro, e se tornou campeão da Copa do Mundo em 2022. Sua capacidade de drible e finalização o coloca entre os maiores da história. 

Basquete

Michael Jordan (décadas de 1980 e 1990): Revolucionou o basquete com seu talento, competitividade e liderança, levando o Chicago Bulls a seis títulos da NBA. É um dos atletas mais influentes de todos os tempos.

LeBron James (décadas de 2000 a 2020): Conhecido por sua longevidade e capacidade atlética, é um dos jogadores mais completos da história, com vários títulos e prêmios de MVP. 

Boxe

Muhammad Ali (décadas de 1960 e 1970): Além de ser um pugilista fenomenal com um estilo de luta inovador, Ali foi uma figura cultural e política importante. Seu carisma e velocidade no ringue o tornaram uma lenda. 

Tênis

Roger Federer (décadas de 2000 a 2020): Conhecido por sua elegância e versatilidade em quadra, dominou o tênis por anos e é considerado um dos maiores da modalidade.

Serena Williams (décadas de 1990 a 2020): Uma das maiores tenistas de todos os tempos, com 23 títulos de Grand Slam em simples. Sua força e domínio em quadra marcaram uma era. 

Natação

Michael Phelps (décadas de 2000 e 2010): O atleta olímpico mais condecorado da história, com 28 medalhas. Sua versatilidade e domínio na água são incomparáveis.                                       

Confira abaixo. O artigo do autor Lemyr Martins.

Copyright © 2008 Lemyr martins

 Supervisão editorial 

marceLo Duarte

 Assistente editorial 

tatiana FuLas

 Projeto gráfico e diagramação

 caroLine Biscaino De meLo 

Jana tahira

 Preparação 

imiDio De Pina Barros Jr.

 Revisão 

teLma Baeza G. Dias

 cristiane GouLart

 Foto da capa 

Lemyr martins (acidente de maurício Gugelmin no GP da França de 1989).

 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE

 SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

 M344L

 Martins, Lemyr

 Histórias, lendas, mistérios e loucuras da Fórmula 1 / Lemyr Martins. - 1.ed. - São Paulo : Panda Books, 2008.

 1.  Corridas de automóveis - História. 2. Automóveis de Fórmula 1 - 

História. I. Título.

 08-0926. 

2008

 Todos os direitos reservados à

 Panda Books

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 Um selo da Editora Original Ltda.

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agradecimentos

 A Verinha Lúcia Lucas Pinto e Valdirene Mendes, 

pelo apoio na pesquisa de texto, e Sissi Sdiksztejn 

nas fotos, craques do DEDOC-Abril

sumário 

1 De Fangio a Schumacher: do “charutinho” ao míssil  7

 2 A primeira vitória  10

 3 Histórias e lendas de pilotos  38

 4 Curiosidades – pilotos  95

 5 Largadas malucas  116

 6 Bandeiradas espetaculares  134

 7 Azar na pista  156

 8 Pilotos barbeiros  170

 9 Pilotos de prova  177

 10 Segundo piloto, primeiro inimigo  179

 11 O vice-campeão  182

 12 Histórias de Interlagos  185

 13 Histórias dos GPs do Brasil  197

 14 O circo voador  206

210 O circo das máquinas 15

 215 O circo em chamas 16

 217 Fórmula 1 é pra mulher 17

 223 Amor X tecnologia 18

 227 Filhos da pista 19

 230 Jóias da Fórmula 1 20

 233 Curiosidades – bastidores 21

 260 Curiosidades técnicas 22

 295 Curiosidades – máquinas e motores 23

 298 Maracutaias 24

 302 Os chefões 25

 317 Pistas e autódromos 26

 322 Curvas famosas 27

 328 Frases – os pilotos profetas 28

 336 Ídolos, heróis e coadjuvantes 29


1

 DE FAngiO A SChuMAChEr:

 DO “ChArutinhO” AO MíSSiL

 Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher dividiram a 

Fórmula 1 entre dois grandes recordes: o pentacampeonato 

de Fangio, entre 1951 e 1957, e o hepta de Schumi, con

quistado de 1994 a 2004. Duas fases separadas por 45 anos. 

A primeira, romântica, dos “charutinhos” e baratinhas dos 

heróis quase suicidas, que pilotaram máquinas possantes 

em meados do século passado, com destaque para a fantás

tica Auto-Union, do barão Von Stuck, um bólido precur

sor dos F-1 com motor de 16 cilindros e 550 cv, com o qual 

o barão atingiu formidáveis 320 km/h, em 1936.

 Foi a era das primeiras experiências aerodinâmicas com 

os “charutinhos” roliços, sem a sofisticação dos aerofólios, 

cintos de segurança, do material incombustível e da eletrô

nica embarcada. Fase em que os pilotos criaram a imagem do 

aventureiro de óculos de aviador e echarpe esvoaçando atrás 

da cabeça, coberta pela rudimentar touca de couro. O painel 

dos carros resumia-se ao velocímetro, marcador de gasolina e 

temperatura do óleo. O volante tinha diâmetro próximo ao da 

roda dianteira. Computador de bordo era ficção científica.

 Alberto Ascari, Giuseppe Farina, Luigi Villoresi, Stir

ling Moss e Fangio, monstros sagrados dos anos 1950, nem 

imaginavam um F-1 com as dezenas de controles instalados 

7

num volante destacável dos anos 2000. Não se tinha noção 

do sistema analógico e digital de ícones multicoloridos, que 

sincroniza a ergonomia, os reflexos do homem e os progra

mas mágicos dos minicomputadores de bordo. Esses co-pi

lotos cibernéticos permitiram a Schumacher navegar seguro 

a 300 km/h, nas mesmas pistas em que Juan Manuel Fangio, 

guiado pelo reflexo e pela intuição, atingiu 271,4 km/h em 

vôos cegos há meio século.

 O próprio Schumacher admitiu que Fangio fazia mila

gres com suas máquinas. O alemão confessou que não teria 

coragem nem de passear num domingo com a Ferrari D50, de 

2500 cm3, com a qual Fangio ganhou o quarto título em 1956, 

e que Schumi dirigiu num desfile de carros antigos, em 2005.

 8

 “O importante não é eu ter sido pentacampeão, mas sim 

o milagre de ter saído vivo da aventura”, declarou o argentino 

no circuito de Nürburgring, Alemanha, ao descer da Maserati 

250F, após consagrar a 24ª e última vitória na F-1, a 4 de agos

to de 1957, dia em que emplacou o quinto título mundial.

 Do penta de Fangio ao hepta de Schumacher, a Fórmula 

1 percorreu um longo caminho de glórias, tragédias e dispa

rada tecnológica. Alguns gênios ficaram pelo caminho, der

rotados pela fatalidade: Jim Clark, Jo Siffert, Jochen Rindt e 

Ayrton Senna. Tudo pelo amor à velocidade.

 Na primeira década de 2000, os pilotos passaram a ser 

espionados pela eletrônica e ligados umbilicalmente ao boxe 

pelas ondas da telemetria. O habitáculo de um Fórmula 1 

agora é semelhante ao do avião de caça, só não tem o radar 

meteorológico dos modernos bombardeiros. Até o ar que o 

piloto respira vem do tubo de oxigênio instalado no cockpit e 

conectado ao capacete integral superblindado, imune a pro

jéteis balísticos e resistentes a choques de uma tonelada.

 No volante destacável, há botões para as mais diversas 

funções dos protótipos: o que regula o regime do motor, o 

de acionamento do câmbio semi-automático, os que regu

lam o freio e o funcionamento da bomba de gasolina, o que 

limita a velocidade máxima na entrada nos boxes, o inter

ruptor que dispara os extintores de incêndio do carro. No 

centro da direção, uma tela de cristal líquido sinaliza gasto 

de combustível, voltas percorridas, a percorrer, tempos in

termediários e velocidades dos setores parciais do circuito 

nas curvas e retas. Além de todos esses controles, há um 

programa – batizado pelos pilotos de “dedo-duro” – que 

grava na memória do computador de bordo todas as infor

mações sobre as ações do piloto em frenagem e aceleração, 

o gasto de combustível e as reações do chassi e do motor.

 Essas sofisticações transformaram os pilotos da Fór

mula 1 do segundo milênio em teleguiados. Foi com elas – que inexistiam na era Fangio – que o impetuoso Michael 

Schumacher chegou a seu sétimo título. 

O argentino Fangio estreou na Fórmula 1 aos 39 anos, 

venceu a primeira corrida na temporada de estréia, o GP de 

Mônaco, e encerrou a carreira aos 47, com a proeza de ter 

sido campeão por todas as marcas com que competiu: Alfa 

Romeo, Mercedes-Benz, Ferrari e Maserati. Fangio venceu 

24 corridas e contabilizou 245 pontos nas 51 provas que 

disputou, atingindo a melhor média da história da catego

ria, com 5,44 pontos por Grande Prêmio.

 Irônica, entretanto, é a coincidência que direcionou es

ses dois supercampeões para a glória na Fórmula 1. Ambos 

queriam ser craques de futebol: Schumacher foi dispensado 

depois de várias tentativas porque, embora fosse muito ve

loz, faltava-lhe habilidade com a bola. Já Fangio, o “Chueco”, 

assim chamado por causa de suas pernas tortas, à Garrincha, 

foi barrado em sua primeira grande paixão por ser gordinho. 

E, por não lhes deixarem acertar o pé na bola, torna

ram-se os maiores craques que já pisaram na Fórmula 1.

 9

2

 A PriMEirA VitóriA

 10

 Diferente de todo mundo, que não esquece a primeira vez, 

o piloto italiano Giancarlo Fisichella jamais esquecerá a se

gunda. Sim, porque ao vencer o GP da Austrália de 2005, ele 

comemorou a vitória por duas, porque a primeira, no GP do 

Brasil de 2003, aconteceu numa corrida confusa, interrompi

da por causa da chuva a 17 voltas do final, com dez pilotos aci

dentados e o finlandês Kimi Raikkonen declarado vencedor.

 O resultado foi revisto em favor de Fisichella, mas ele 

só recebeu a taça 15 dias depois, na véspera do GP de San 

Marino, sem festa e com desenxabidas desculpas dos carto

las da FIA. Daí o “Físico” – assim chamado por seus conter

râneos – ter sido o único dos pilotos da Fórmula 1 a fazer a 

festa da primeira vitória juntamente com a da segunda, de 

fato e direito. Esta, sim, com hino, pódio e champanhe, em 

seu 143º Grande Prêmio disputado.

 A primeira vitória não só consagra o vencedor, com a en

trada na galeria dos célebres da Fórmula 1, como também deixa 

lembranças dramáticas e curiosos relatos de seus ganhadores.

 Enzo FErrari dErrotou o primEiro amor 

Em 1936, Enzo Ferrari foi contratado pela Alfa Romeo 

para formar a escuderia oficial das ágeis Alfeta e ser seu diretor 

esportivo. No entanto, por força de contrato, ele ficava proibi

do de usar o sobrenome como marca de qualquer tipo de auto

móvel ou símbolo de equipe esportiva por dez anos.

 Porém, tão logo venceu o impedimento contratual 

com a Alfa Romeo, Ferrari construiu a 125, com motor 

1.5 V12C. Uma máquina que ele não inscreveu na corrida 

inaugural da Fórmula 1, a nova categoria que teve a primei

ra largada no circuito de Silverstone, no GP da Inglaterra, 

em 13 de maio de 1950, preferindo lançar seus carros no 

GP de Mônaco, com os pilotos Alberto Ascari, Raymond 

Sommer e Peter Whitehead.

 A Alfa Romeo dominou fácil a primeira temporada, 

com Nino Farina sagrando-se campeão, Juan Manuel Fan

gio vice e Luigi Fagioli o terceiro.

 Mesmo sem vitória, Enzo Ferrari aproveitou o primei

ro ano de experiência e lançou o modelo 375 de motor 4,5 

litros V12, disposto a desafiar as voadoras Alfa 159B que 

ele tinha ajudado a criar.

 O primeiro sinal do confronto apareceu na classificação 

do GP da Inglaterra, em 14 julho de 1951. Naquela corrida, 

Froilán González emplacou a pole-position com o modelo 375, 

cravando 1min43s4, exatamente um segundo mais rápido 

que a Alfa de Juan Manuel Fangio. Mas ainda era cedo para a 

Ferrari sonhar, afinal os Alfa Romeo haviam vencido as três 

primeiras corridas do ano, na Suíça, na Bélgica e na França.

 De qualquer forma, o duelo anunciado ocorreria em 

Silverstone: as quatro Ferrari, pilotadas por Alberto Ascari, 

Froilán Gonzáles, Luigi Viloresi e Peter Whitehead, contra 

o quarteto das até ali invencíveis Alfa 159B de Juan Manuel 

Fangio, Nino Farina, Felice Bonetto e Consalvo Sanesi. Os 

Talbot e os BRM, de pilotos independentes, foram apenas 

moldura para a batalha das marcas italianas. Depois de 90 

voltas, percorridas em 2h42min18s, a Ferrari número 12 do 

11

argentino Froilán González recebeu a bandeirada 51 segun

dos à frente da Alfa do conterrâneo J. M. Fangio.

 José Froilán González, o “El Cabezón” dos portenhos, 

e o “don Pepe” para o patrão, conquistou para si e dava à 

Ferrari a primeira vitória na Fórmula 1. Um triunfo que di

vidiu o coração do grande capo Enzo Ferrari e que ele regis

trou dessa forma em sua autobiografia: “Fui meu próprio 

algoz ao impor aquela derrota à Alfa Romeo. Tive a sensa

ção de que acabava de matar minha mãe”.

 Fangio pErdEu a taça da primEira vitória

 12

 Quando estreou na F-1, em 1950, Juan Manuel Fan

gio já tinha 39 anos, cabelos ralos, pernas tortas e um por

te físico pouco atlético, comprometido pela barriga proe

minente. Mas aquele gorducho argentino sabia vencer, e 

isso ocorreu pela primeira vez logo na segunda corrida da 

existência da Fórmula 1, em 11 de maio de 1950, no GP de 

Mônaco.

 Luigi Fagioli, um dos parceiros de Fangio na Alfa Romeo, 

contou que antes dos treinos livres o argentino fez várias vol

tas a pé pelo sinuoso circuito do Principado. Examinou cada 

curva, fez cálculos das freadas e mediu as futuras manobras 

na estreita entrada e saída do túnel. Era a primeira corrida da 

F-1 naquele traçado, e o matreiro Fangio memorizou o circui

to antes de navegar pelas vielas de Mônaco.

 Deu certo. Depois de uma hora de tentativas na classi

f

 icação, ele cravou o tempo de 1min52s2, 2,5s melhor que 

o favorito da prova, Nino Farina, o segundo colocado, seu 

parceiro e adversário na Alfa Romeo.

 Fangio tomou aquelas providências por querer largar na 

frente, pois, como se não bastasse a estreiteza da pista de Mô

naco, o grid  era formado por filas de 3-2-3 carros. Pensou bem 

e fez melhor, pois chegou na primeira curva, a famigerada Saint 

Dévote, 50 metros à frente do segundo colocado. Mas antes de 

fechar a primeira volta, ele viu um inferno pelo retrovisor de 

sua Alfa Romeo, mais exatamente na curva Bureau de Tabac, 

local onde metade dos 22 carros do grid se envolveu num múl

tiplo acidente e nove deles viraram sucata.

 Depois da prova, Fangio contou que cada vez que contor

nava a curva fatídica só não erguia as mãos para o alto para agra

decer aos céus porque tinha de mantê-las no volante, tal era o 

temor de rodar no óleo que empoçou aquele trecho da pista.

 O suspense durou 3h23min. Quando o argentino 

completou as 100 voltas da corrida, sua mão direita esta

va cheia de bolhas, pelo esforço de segurar a alavanca do 

câmbio que escapava nas milhares de trocas de marcha exe

cutadas durante a prova. Ele respirou aliviado, mas depois 

confessou que questionou o valor daquele sacrifício e o ris

co para vencer um Grande Prêmio.

 Juan Manuel Fangio não recebeu as honras oficiais da 

primeira vitória. Ele não compareceu à festa da premiação. 

Trocou o glamour do aristocrático baile do Principado, onde 

deveria receber o troféu, pela solidariedade. Renunciou à 

pompa para dirigir, por mais oito horas, o automóvel em 

que conduziu os amigos Froilán González e Alfredo Pián – 

pilotos argentinos feridos no acidente da curva Tabac – para 

o  Hospital Maggiore de Bolonha, Itália.

 mauricE trintignant: 

a vitória FEita com sanguE 

Aquele GP de Mônaco foi a segunda corrida da tempo

rada de 1955 e a 43ª da Fórmula 1. A grande atração era o 

13

14

 enfrentamento entre 18 máquinas italianas (cinco Ferrari, 

oito Maserati e cinco Lancia) contra o quarteto das voado

ras Flechas Prateadas germânicas, da Mercedes-Benz. 

Maurice Trintignant já sabia que não seria fácil posi

cionar bem a sua Ferrari 625-2.5 no grid, por isso não ha

via se decepcionado com a nona posição na largada. Lá na 

frente, dominando a primeira fila, estava o trio de favoritos 

formado pelo pole-position Juan Manuel Fangio, Stirling 

Moss, ambos a bordo da Mercedes-Benz W196, e Alberto 

Ascari, da Lancia D50.

 Mas o simpático e corajoso Pétoulet foi à luta. Pétoulet 

(cocô de rato, em francês) foi um apelido que Trintignant 

ganhou no GP da Libertação, disputado em Bois de Bou

logne, em Paris, em 1945. Aquela era a primeira corrida de 

carros Grand Prix após a Segunda Guerra Mundial, mas 

Trintignant não largou por causa das fezes dos ratos que 

impregnaram o tanque do seu Bugatti na longa inatividade. 

Jean-Pierre Vimille, piloto francês, então apelidou o amigo 

de “Pétoulet”, apodo que ele assumiu, carregou pelo resto 

da vida e com o qual batizou os vinhos chateau que produ

ziu após abandonar o automobilismo.

 O GP de Mônaco, naquela fase romântica da F-1, era 

disputado em 100 voltas e 318 quilômetros, completa

dos em três horas de sacrificada competição. Portanto, era 

preciso, além de um carro forte e competitivo, um piloto 

rápido e técnico, para enfrentar as armadilhas do sinuoso 

circuito urbano do Principado, e uma pitada de sorte. 

Maurice Trintignant teve tudo isso e muita coragem. 

Ele não desistiu de competir, nem após presenciar a morte 

do irmão Louis na pista, tampouco depois do terrível aci

dente que sofreu no GP da Suíça de 1948. Naquela corrida, 

ele voou fora do carro, foi declarado clinicamente morto 

durante um minuto e meio, caiu em coma, mas recuperou

se  em uma semana. Já no GP de Mônaco de 1955, Trintig

nant precisou sangrar para consumar duas primeiras vitó

rias históricas na Fórmula 1: a sua e a de um piloto francês.

 Ele largou muito bem. Aproveitou as confusões nas 

freadas da primeira volta entre os Lancia de Alberto Asca

ri, Eugenio Castellotti e Luigi Villoresi para subir de nono a 

quinto colocado. Depois, poupou a máquina e o físico até 

a metade da prova, preparando-se para ultrapassar a Ferra

ri de Giuseppe Farina e a Maserati de Jean Behra. Na 49ª 

volta, quando Alberto Ascari errou uma tomada de curva 

e caiu no mar, e a Mercedes-Benz de Juan Manuel Fangio 

quebrou a transmissão, o francês assumiu a ponta. 

Trintignant venceu, mas cruzou a bandeirada depois 

de 2 horas e 58 minutos, ensopado de suor e quatro quilos 

mais magro. A palma da mão direita estava em carne viva, 

dilacerada pelo esforço das 4.760 trocas de marchas, execu

tadas no câmbio endurecido da sua Ferrari durante a prova. 

Foi o único piloto a completar as 100 voltas (uma à frente 

do quinto colocado; 14, do oitavo, o parceiro de Ferrari, 

Piero Taruffi; e 19, da Mercedes-Benz de Stirling Moss, 

nono e último classificado).

 Maurice Trintignant morreu aos 87 anos, em fevereiro 

de 2005. Ele só venceu mais uma corrida nos 82 Grandes Prê

mios que disputou, entre 1950 e 1964, ironicamente na mes

ma pista, no GP de Mônaco de 1958. Porém, ficou famoso 

pelo primeiro triunfo, não só pelas cicatrizes eternas na mão, 

mas por outro fato pitoresco que contou em Monte Carlo, em 

1995, no 40º aniversário da primeira vitória. Assim que ele 

parou a sua Ferrari no boxe, quase imobilizado pela fadiga, 

o médico do Grande Prêmio assustou-se ao ver a perna di

reita do macacão do piloto encharcada de sangue e apressou

se em pedir uma maca para transportá-lo ao hospital. O que 

o doutor não sabia é que aquelas manchas surgiram porque 

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Trintignant enxugava o sangue da mão ferida pela alavanca 

do câmbio. “Pétoulet” ainda divertiu-se com a confusão, im

plorando ao médico que não lhe amputasse a perna.

 EmErson Fittipaldi: 

tributo ao hErói morto 

16

 Emerson Fittipaldi tinha conquistado o terceiro lugar 

na classificação do GP dos Estados Unidos de 1970, em 

Watkins Glen, e estava na primeira fila, porque a largada, 

na época, era dada em filas de três e dois carros. Ele tinha 

ganho o posto de primeiro piloto da Lotus havia três sema

nas, desde o acidente fatal que vitimara Jochen Rindt, seu 

parceiro de equipe no GP da Itália, na pista de Monza.

 Já dentro do carro, Emerson examinou os pilotos que 

largavam com ele naquele grid e se sentiu numa ilha de ce

lebridades. Ao seu lado, alinhavam-se o bicampeão Jackie 

Stewart, da Tyrrell, e o pole-position Jacky Ickx, numa fla

mante Ferrari.

 Pelo retrovisor direito, reconheceu três campeões do 

mundo: Graham Hill, John Surtess e Denny Hulme. No 

espelho esquerdo, viu outras feras: Clay Regazzoni, Jean

Pierre Beltoise, Jo Siffert e Chris Amon, mas não desco

briu Jack Brabham, embora soubesse que o australiano tri

campeão estava lá, na oitava fila.

 Antes da largada, Colin Chapman, o carismático chefão 

da Lotus, fez questão de renovar os parabéns pela terceira co

locação de Emerson no grid e ainda cutucou o ego do piloto 

com um elogio apropriado para o momento: “Ninguém faria 

nada melhor que você com este carro”, afagou Chapman.

 Emerson não sabe se foi contaminado por algum vírus 

ou se era puro nervosismo, mas teve febre de 40 graus na 

véspera da corrida. Durante os dois dias que antecederam 

os treinos, o piloto sentiu náuseas, tonturas, dormiu mal e 

confundia lembranças com pesadelos. Esteve tão ruim que 

o próprio Chapman bancou o enfermeiro, aplicando-lhe 

injeções. Depois ele mesmo admitiu que não fora simples

mente uma gripe.

 Quando foi exibida a placa de cinco minutos para a 

largada, Chapman deu um tapinha no ombro do seu pilo

to e apelou novamente à psicologia: “Você foi brilhante até 

agora, o resto vai ser fácil”. Aquele “fácil”, Emerson tradu

ziu como “vá fundo”, “use todos os 440 cv do motor Ford

Cosworth até vencer os 399 quilômetros da prova”.

 Emerson largou bem. Foi arrojado para pular à fren

te de Jacky Ickx e prudente para não dividir a freada da 

primeira curva com Jackie Stewart. Agora estava na luta. 

Não era mais sonho nem pesadelo, tinha encarado realida

de adentro. Manteve um ritmo rápido e seguro. Quando 

o motor da Tyrrell de Jackie Stewart estourou, na 82ª das 

108 voltas da corrida, ele já estava senhor da situação. Co

locou voltas nos velhos ídolos Jack Brabham e Graham Hill 

e executou outra dúzia de ultrapassagens, na maior natura

lidade. Mas deixar a Ferrari de Jacky Ickx uma volta atrás 

foi atingir as nuvens.

 Quando Emerson cruzou a bandeirada e viu Colin 

Chapman cumprir o ritual de jogar o tradicional boné pre

to para o ar nos triunfos da Lotus, lembrou que aquela sua 

primeira vitória valia um título mundial. Dava a coroa de 

campeão post mortem ao ex-companheiro de equipe Jochen 

Rindt. Uma proeza estupenda para marcar a primeira das 

suas 14 vitórias da carreira de bicampeão. Aí Emerson vol

tou à Terra e chorou: por Rindt, pela primeira vitória e pela 

felicidade de ser piloto, inaugurando o roteiro que o levaria 

à galeria dos grandes vencedores da Fórmula 1.

 17

lauda, a vitória do piloto-computador 

18

 Luca di Montezemolo, então diretor esportivo da Ferrari, 

causou surpresa geral quando anunciou que seus pilotos para a 

temporada de 1974 seriam Clay Regazzoni e Niki Lauda. Não 

por Regazzoni, piloto já experiente, mas por Lauda. Afinal, 

aquele austríaco de 25 anos não fora um fenômeno nas fór

mulas menores e também não brilhara em seus dois primeiros 

anos na Fórmula 1. Tinha estreado a bordo de um March-Ford 

711, no GP da Áustria de 1971, e disputado o campeonato de 

1973 pela BRM, sem fazer nada de notável além de um discre

to quinto lugar no GP da Bélgica.

 Aí surge Montezemolo, dá aura de primeiro piloto 

àquele austríaco caladão de dentes incisivos à mostra e pro

fetiza: “Ele vem para a Ferrari para ser campeão”. O circo, 

então, ficou de prontidão, à espera da resposta de Andreas 

Nikolaus Lauda.

 Já na terceira corrida, com a Ferrari 312B3, no GP da Áfri

ca do Sul, Lauda fez a volta mais rápida e marcou a primeira das 

nove pole-positions conquistadas nos 15 Grandes Prêmios de 

1974. Era um indício de que a Ferrari tinha acertado na aposta, 

e o primeiro grande momento do jovem austríaco ia acontecer 

no GP da Espanha, em Jarama, na 30ª corrida de sua carreira.

 Niki Lauda fez tudo que era possível: pole-position e vol

ta mais rápida, consagrando a primeira vitória numa corrida 

perfeita. No pódio, ao lado de Clay Regazzoni e Emerson 

Fittipaldi, o austríaco parecia criança. Assediado por um ba

talhão de jornalistas italianos, Niki tinha dificuldades em re

produzir os detalhes daquela primeira vitória, que, para ele, 

parecia uma façanha simples. Elogiava a máquina, agradecia 

o trabalho dos boxes, com deferência especial ao carismático 

Hermano Coghi, seu mecânico-chefe e decano na Ferrari. A 

festa foi longa, e Lauda suportou tudo olimpicamente: posou 

para centenas de fotos, foi paciente nas entrevistas, curtiu o 

primeiro triunfo com risos e incisivos à mostra, como se os 

dentes não lhe coubessem na boca.

 A profecia de Luca di Montezemolo seria questão de tem

po: Niki Lauda se transformaria no homem-computador da 

F-1 pela regularidade da pilotagem. Foi tricampeão mundial, 

vencendo outros 24 Grandes Prêmios. O triunfo se tornou 

uma rotina em sua vida, a ponto de, na 25ª vitória, no GP da 

Holanda de 1985, ele sequer  comparecer ao pódio.

 JacquEs laFFitE, hErói da França

 A primeira vitória de Laffite, no GP da Suécia de 1977, 

f

 icou famosa por marcar também o primeiro triunfo de um 

carro com motor e piloto franceses na história da Fórmula 

1. A façanha foi alcançada com o Ligier JS7, apelidado de 

“Quasímodo”, por causa da enorme tomada de ar sobre o 

motor, impulsionado pelo melódico propulsor Matra de 

12 cilindros.

 Jacques Henri Laffite, que se tornou herói nacional, 

com nome de rua em Paris, embebedou-se com champanhe 

e glória, e a França, embalada pelas manchetes pirotécnicas 

de seus jornais, comemorou o grande feito daquele 19 de 

junho como uma nova Queda da Bastilha.

 alain prost, o pEquEno grandE campEão 

A estréia em vitórias do Le Petit Alain foi totalmente tri

color. Aconteceu em território francês, no circuito de Dijon

Prenois, no GP da França de 1981, com o Renault RE30, o 

19

20

 primeiro carro com motor turbocomprimido da F-1 a vencer 

um Grande Prêmio. Foi uma vitória difícil, porque Nelson 

Piquet liderou com folga 58 das 80 voltas previstas, até a cor

rida ser interrompida por causa da chuva. Na segunda larga

da, Prost tomou a ponta e comandou a prova nas 22 voltas 

restantes. Nem no topo do pódio o francesinho parecia acre

ditar na façanha. Sua pequena silhueta parecia flutuar entre 

Piquet e John Watson, e, enquanto soou a Marselhesa em 

Dijon-Prenois, Prost segurou as lágrimas com caretas entre 

cômicas e emocionadas. Naquele 5 de julho de 1981 nascia o 

maior herói francês da Fórmula 1.

 Jean Sage, diretor esportivo da Renault, deu um depoi

mento profético na ocasião. “Esse triunfo de Alain Prost”, 

disse ele, “é o presságio de que está nascendo o campeão 

que a França espera há três décadas”.

 Sage acertou. O pequeno Alain, de 1,62 metro – um 

piloto com gabarito de jóquei, como diziam os franceses –, se tornaria tetracampeão e o segundo maior vitorioso da 

existência da Fórmula 1. Prost venceu 51 Grandes Prêmios 

e só foi batido por Michael Schumacher.

 nElson piquEt E a primEira molEcagEm

 É inesquecível a cara fechada e grave, até meio encabu

lada, de Nelson Piquet em sua primeira vitória, no GP dos 

Estados Unidos-Leste de 1980, em Long Beach. Ao contrário 

do semblante costumeiramente maroto, Piquet tinha a cara 

do menino que cometera uma travessura, não descontraindo 

nem no ritual do champanhe. Mas quando viu Emerson Fit

tipaldi, que tinha fechado a corrida em terceiro com o Coper

sucar-Fittipaldi, ao seu lado no pódio, ele resistiu e ironizou, 

f

 ingindo surpresa: “Ué! O que você está fazendo aqui?” O artigo do autor Lemyr Martins

Confira no Site Tudo sobre Fórmula 1                               .ttps://www.tudosobreformula1.com.br/c%C3%B3pia-curiosidades-da-f1-1

 

Tanto o talento natural quanto a inteligência são aspectos cruciais para o sucesso de um piloto na Fórmula 1. 

Aqui está uma comparação dos dois:

Característica Talento Natural Inteligência

                 O talento natural é a             Habilidade inata ou dom natural para a pilotagem, incluindo reflexos rápidos, coordenação motora excepcional e sensibilidade ao comportamento do carro.             . A    inteligência é   capacidade do piloto de processar informações, tomar decisões estratégicas, compreender o carro e a corrida, aprender rapidamente e se adaptar a diferentes condições.

Exemplos de F1 Michael Schumacher no seu primeiro treino na F1, sendo 0.7s mais rápido que o colega de equipe Andrea De Cesaris. Max Verstappen, descrito por Jenson Button como "o piloto mais naturalmente talentoso que ele já viu". Andrea Stella, chefe da McLaren, destacou que grandes pilotos possuem capacidade mental, além de talento. O empresário de Yuki Tsunoda, Diego Menchaca, ressaltou a inteligência do piloto japonês.

Papel no Sucesso Permite que o piloto execute manobras precisas, reaja rapidamente a situações inesperadas e atinja o limite do carro. Ajuda o piloto a entender o carro e a pista, otimizar a estratégia de corrida, adaptar-se às mudanças nas condições da pista, gerenciar pneus e combustível, e se comunicar efetivamente com a equipe.

Em resumo, o talento natural pode fornecer uma base sólida, mas a inteligência é o que permite ao piloto maximizar esse talento e ter sucesso a longo prazo na Fórmula 1. 

Confira a História da Fórmula 1                                 .https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rmula_1

O talento e a inteligência dos super gênios e gênios na Fórmula 1, se manifesta de acordo com as formações técnicas e intelectuais de cada década na Fórmula 1.

Confira meu artigo.                                                        .Link: https://leandroliveiraribeiroblo.blogspot.com/2023/01/meus-melhores-pilotos-em-cada-decada-na.html

O que torna comparações entre super gênios e gênios inviável quando se tratam de décadas muito distintas.


 confira as Estatísticas Pilotos da Fórmula 1             .https://www.statsf1.com/pt/statistiques/pilote.aspx

Imagem ; Site tudo sobre Fórmula 1.

 








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