VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS
ORGANIZADAS DE FUTEBOL
CARLOS ALBERTO MÁXIMO PIMENTA
Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol:
violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais.
Resumo: O presente artigo busca compreender o fenômeno da violência entre “torcidas organizadas”, a partir
das justificativas de explicação dos atos de violências utilizadas pelas “autoridades públicas” e torcedores.
Mostra, em síntese, que a violência produzida pelos grupos de torcedores é parte da dimensão cotidiana dos
grandes centros urbanos na sociedade brasileira contemporânea, conseqüência do esvaziamento político-cul
tural-coletivo dos novos sujeitos sociais.
Palavras-chave: futebol no Brasil; violência; torcidas organizadas.
O
presente artigo tem a pretensão de explicitar que
as práticas de violência produzidas pelas torcidas
organizadas inflexionam-se e (re)dimensionam-se
na base dos “jogos de relações” travados no cotidiano da
sociedade brasileira contemporânea.
A reflexão proposta segue caráter essencialmente pros
pectivo e indagatório, cuja análise temática circunscreve-se
em pesquisas empíricas qualitativas/críticas desenvolvidas
junto às torcidas “Gaviões da Fiel”, “Independente” e “Man
cha Verde”, sediadas na cidade de São Paulo, e sobre a vio
lência implicada no processo de profissionalização da es
trutura administrativa do futebol brasileiro, síntese das
projeções políticas e econômicas de nosso Estado.
O recorte dessa reflexão se faz necessário, pois pre
tende-se buscar uma melhor compreensão de nosso tem
po social, rompendo com visões reduzidas, conservado
ras ou meramente estatísticas sobre o tema violência, bem
como indicar apontamentos às modificações sentidas no
cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros que
(re)ordenam o comportamento dos grupos de jovens, em
face das transformações políticas, econômicas e socio
culturais em curso.
Por outro lado, mesmo com “toda” perspectiva de
(re)visitar posturas mais ampliadas, sabe-se que não é
muito tranqüilo iniciar discussão sobre violência, sob
qualquer ótica.1 Trata-se de um tema ainda bastante pe
noso e pesado, do ponto de vista do objeto-sujeito, bem
como do método determinista e/ou não-determinista. Con
tudo, em que pese a intranqüilidade exposta, caminhar é
preciso e ir a fundo na questão significa atentar para as
particularidades de cada violência e de como cada grupo
faz uso dela ou nela está inserido. Não é tarefa (e nem
abordagem) fácil!
Pois bem, é na tentativa de compreender nosso tempo
social e na perspectiva de romper com visões reduzidas
que são tomados como referência de observação os dis
cursos de “autoridades” (desportivas, públicas, etc.) e de
torcedores filiados para refutar atitudes e estratégias
explicativas de violência, com ênfase no fortalecimento
dos mecanismos de “segurança”, direcionando ações do
poder público ao “disciplinamento” e à “manutenção da
ordem social vigente”.
A violência vem ganhando parte significativa na agenda
social, em especial nos veículos de comunicação de mas
sa, parecendo assumir o epicentro das preocupações do
poder público e do homem contemporâneo. No entanto,
merece ser observada por outros ângulos cada vez menos
policialescos ou midiáticos, para evitar que seja utiliza
da, apenas, como cenário de “espetáculo” e “banalização”
humana.
A partir da visão dos “torcedores” (muitas vezes de
nominados vândalos2 em trabalhos científicos) e das “au
toridades” envolvidas com o evento esportivo, busca-se
relacionar a violência produzida entre as “torcidas orga
122
VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL
nizadas” com os “jogos” de relações sociais travados no
espaço urbano. Pelos olhos desses envolvidos é que se
encaminhará a fundamentação das questões levantadas.
A observação privilegiará os discursos coletados em
pesquisa de campo ou em dados obtidos na imprensa es
crita e televisiva, dos anos 80 em diante, tendo como ponto
de partida:- aumento da violência entre “torcidas organizadas”;- a intolerância com a violência, após o dia 20 de agosto
de 1995, no acontecimento denominado de “Batalha Cam
pal do Pacaembu”;- a incompatibilidade da violência com os rumos da pro
fissionalização administrativa do futebol brasileiro.
O FENÔMENO: “TORCIDAS ORGANIZADAS”
A violência ao redor do futebol não é acontecimento
novo e há exemplos na história do futebol brasileiro4 e
mundial (Murphy, Williams e Dunning, 1994:39-70) de
atos de extrema violência entre torcedores. O que é iné
dito é o movimento social de jovens em torno de uma
organização que difunde novas dimensões culturais e sim
bólicas no cotidiano urbano, amoldando o comportamento
dos inscritos. Diante desse contexto, duas questões ficam
registradas: quem são esses “torcedores”? Quais os moti
vos desse aumento considerável de violência?
Dos anos 80 para cá, sabe-se que, no Brasil, o com
portamento do torcedor nas arquibancadas dos estádios
de futebol modificou-se consideravelmente. Isso se deu
pelo surgimento de configurações organizativas com ca
racterística burocrática/militar,5 fenômeno essencialmente
urbano6 que cria uma nova categoria de torcedor, ou seja,
o chamado “torcedor organizado”.
Fica uma indagação: em quais circunstâncias socio
culturais, políticas e econômicas nasce essa “nova cate
goria de torcedor”? A questão perpassa todo texto e re
mete à análise da constituição do tecido social das grandes
cidades.
As primeiras “torcidas organizadas” datam do fim da
década de 60 e do começo dos anos 70.7 Nesse período, o
Brasil caminhava em passos largos na busca do desen
volvimento econômico e a cidade de São Paulo avançava
no processo de aceleração urbana, porém, notoriamente
desarticulado e descompromissado com as bases sociais.8
A violência entre “torcidas organizadas” não está de
sarticulada dos aspectos político, econômico e sociocultural
vivenciados nas relações individuais e grupais na socieda
de brasileira contemporânea. Conseqüentemente, o estilo
de vida dos jovens, aqui denominados de novos sujeitos
sociais,9 não pode ser dissociado dos desdobramentos cau
sados por esses traçados político-econômicos legitimados
no “jogo” social. Na década de 70, o poder de mando do
complexo industrial interferiu nas macroorganizações po
lítico-econômicas, provocando grandes instabilidades nas
microorganizações sociais emergentes.
Em outras palavras, o conflito entre os poderes econô
mico e social marcou a construção do espaço urbano das
grandes cidades, prevalecendo o interesse do capital e,
de alguma forma, esse processo interferiu, inclusive, na
identidade social dos jovens que se expressam através da
negação do outro (enquanto ser social), da disputa e da
violência prazeirosa entre os grupos rivais.
Ademais, um apontamento possível desses desdobra
mentos é o esvaziamento da noção do coletivo na forma
ção dos jovens, fator indispensável na compreensão dos
novos sujeitos. O aumento dos atos de violência pratica
dos pelo movimento de “torcidas organizadas” tem de
corrência no surgimento desses “sujeitos”. Estes são, pre
dominantemente, jovens individualizados, do ponto de
vista da formação de uma consciência social e coletiva.10
O diálogo grafado viabiliza melhor o entendimento da ar
gumentação exposta:
“Repórter: - O que você acha dessa violência?
Torcedor: - (...) a gente tem um cachorro que vai e te
morde e você vai ficar parado?”11
Os atos de violência perdem a percepção da existência
do outro, enquanto pessoa do mesmo grupo social ou
mesmo humana:
“Repórter: - Você chegou a bater em alguém?
Torcedor: - Não sei...
Repórter: - Você se defendeu pelo menos?
Torcedor: - Defendi...
Repórter: - O que você acha disso, você gosta?
Torcedor: - Gosto ... é só para chegar em casa e ter o
prazer de tirar um barato com os meus amigos.
Repórter: - Não importa que alguém morra nisso?
Torcedor: - Não sendo amigo meu, tudo bem?”12
Armando Nogueira, no programa “Apito Final”, da TV
Bandeirantes, no dia 20 de agosto de 1995, após o aconte
cimento no Pacaembu, percebeu que “(...) É com um cons
trangimento inimaginável. Eu estava vendo estas cenas aqui
e não é o caso da gente fazer uma pergunta mais profunda,
porque a paisagem humana que eu vi em campo era predo
123
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(2) 2000
minantemente de adolescentes, predominantemente de ga
rotos e aí eu pergunto: como nos desculpar de tudo isso? O
que o Brasil tem feito pela sua infância? O que o Brasil
tem feito pela sua adolescência? (...) eu não tenho a menor
dúvida que nós não podemos nos considerar inocentes.”
VISÃO DAS “AUTORIDADES ESPORTIVAS”
A violência, via de regra, é o elemento aglutinador e
constitutivo dos agrupamentos de torcedores. Nota-se que,
no entendimento dessa modalidade de violência, aos olhos
tanto dos “torcedores” quanto das “autoridades esporti
vas” os argumentos explicativos permanecem no eixo do
econômico e da classe social, como determinantes.
Após o fatídico dia 20/08/1995, diversos discursos13
sucederam na imprensa e, por esse episódio, possibilitou
se a revelação do entendimento das autoridades esportivas
sobre os fatores geracionais de atos de violência entre “tor
cedores”. O repórter Flávio Prado entende que: “(...) Es
ses jogos de graça, envolvendo grandes equipes, são óti
mos pretextos para que esses marginais compareçam.”
Já o jornalista esportivo Juca Kfouri14 expressou: “(...)
uma das soluções que eu vejo imediata é proibir, termi
nantemente, o futebol com portões abertos; futebol de
massa nem pensar, porque é a senha para bandidos toma
rem conta do estádio. Cobrar o ingresso e cobrar caro,
cada vez mais caro, com cadeiras em todos os setores do
estádio. Tornar o futebol um esporte para a elite, vão lá
40 mil abençoados por Deus, da alta classe média desse
país (...). Evidentemente que não são os pobres os culpa
dos pela violência. Os culpados pela violência a gente
conhece desde a distribuição de renda neste país, mas que
infelizmente, 90% desses vândalos são do ‘lumpesinato’,
são; são explorados, são; são um bando de desocupados,
são (...) ou são explorados dessa gente, em regra os presi
dentes de ‘torcidas organizadas’ (...).”
O Promotor Público, Fernando Capez (1996:49), de
signado para mover ações públicas contra a legalidade das
“torcidas organizadas”, salientou que “(...) o recrudesci
mento dos problemas sociais e econômicos, o considerá
vel aumento da distância entre os segmentos sociais, o
alastramento generalizado da miséria, a falta de emprego
e de acesso a um sistema de educação e saúde minima
mente adequados, entre tantos outros problemas, acaba
ram criando perigosos focos de tensão social”.
As sucessivas declarações caminharam no sentido de
explicar a violência pelos mesmos condutores, ou seja,
fatores econômicos e de classe social. A solução, por essa
via, traduz-se no cerceamento do acesso dos torcedores
aos estádios através da ação policial ou da majoração dos
ingressos dos jogos. Portanto, o que se quer dizer é que
tais discursos simplificados reforçam na ótica da opinião
pública e das instituições repressivas que a violência tem
corpo e rosto. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé,15 ar
gumentou que “(...) é muito triste. Eu que na época do
milésimo gol pedi escola para as crianças, hoje peço ca
deia para esses meninos”.
Em outras palavras, essa linha de pensamento nos re
mete, apenas, a revermos as injustiças e as desigualda
des, à inércia do Estado e à desestruturação da ordem le
gal, sem ao certo colocarmos em pauta o modelo de
sociedade e suas trajetórias ideológicas no campo do
“jogo” político-cultural.
OS “ORGANIZADOS” E SUAS VISÕES
Na intenção de compreender o fenômeno, é importan
te registrar que foi nos anos de 1992 e 1994 que ocorreu
a maior parte dos envolvimentos, noticiados, entre “tor
cidas”, resultando na morte de 12 pessoas, sendo quatro
delas em 1992 e oito em 1994. Nesse período, os con
frontos passaram a ser constantes e os instrumentos utili
zados para defesa e/ou ataque tinham o poder de ocasio
nar lesões de natureza grave. Os “torcedores” começam a
fazer uso de “bombas” e “armas de fogo”, instrumentos,
até então, pouco utilizados nos embates entre “torcidas”.16
O fato de constatar-se que antes dos anos 90 não havia
notícias de inúmeras mortes não significa que os confron
tos inexistiam. Segundo Paulo Serdan,17 “as brigas eram
na mão e não havia armas” (sic).
Em 1991, a “Mancha Verde” tinha 4.000 filiados, a
“Independente”, 7.000 e os “Gaviões da Fiel”, 12.000. Até
outubro de 1995, período em que passaram a ocorrer, por
parte da Justiça Pública paulistana, cerceamentos das ati
vidades desenvolvidas pelas “organizadas”, estas “torci
das” tinham em seus quadros o registro de 18.000, 28.000
e 46.000 filiados, respectivamente.18
O afluxo de jovens às “torcidas”, no entender de
Jamelão,19 ex-presidente dos “Gaviões da Fiel”, se deu
porque “o monstro ‘Gaviões’ tem crescido muito desde
1990 e há uma grande procura por parte dos garotos de
13, 14, 15 e até 18 anos. (...) essa procura é boa, aqui nós
temos um conselho, nós temos um ideal e eu acho que
nessas ‘torcidas’ está faltando um pouco disso (...)”.
As novas filiações eram, basicamente, realizadas por
jovens entre 12 e 18 anos de idade, atraídos pela
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VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL
vestimenta, força e coesão do grupo, relações verti
calizadas, estilo de vida, prazer da violência, enfim, pe
los aspectos estético-lúdico-simbólicos disponibilizados
à massa jovem, intimamente ligados ao modelo de socie
dade de consumo instaurado no Brasil.
A “Mancha Verde”, por exemplo, fundada em 11 de
janeiro de 1983, desde a escolha do nome até as atitudes
praticadas nas arquibancadas e nas ruas da cidade, demons
trou ser uma “torcida” forte e preparada para enfrentar
suas rivais: “escolhemos o nome ‘Mancha Verde’com base
no personagem ‘Mancha Negra’ do Walt Disney, que é
uma figura meio bandida, meio tenebrosa. A gente preci
sava de uma figura ideal e de pessoas que estivessem a
fim de mudar a história. Na época, a gente tinha uns 13/
14 anos de idade e já havíamos sofrido muito com as ou
tras ‘torcidas’, então, a gente começou com muita vonta
de, muita garra e na base da violência. A gente deve ter
exagerado um pouco, porém, foi um mal necessário. A
gente conseguiu o nosso espaço e adquirimos o respeito
das demais ‘torcidas’.”
A violência, verbal e física, traduziu-se em um dos prin
cipais códigos e símbolos sociais de agrupamento de jo
vens em torno das “torcidas organizadas”. À medida que
os números estatísticos e os atos de agressividade aumen
tavam, proporcionalmente, cresciam a procura e a filiação
ao movimento.
Como se explica, a partir dos próprios “torcedores”,
atos de extrema violência praticados entre “torcidas”?
No entendimento dos dirigentes, o assustador aumento
da violência, além dos argumentos utilizados pelas “au
toridades esportivas”, tem dois fatores preponderantes:
a influência da mídia e os ingredientes do próprio “jogo”.
Para Paulo Serdan, “(...) a imprensa cria fatos que não
existiu, mas a gente já está acostumado com isso (...). O
lance é que o jornal tem que vender. (...) se as ‘torcidas
organizadas’ cresceram muito, a imprensa ajudou mui
to também, porque essa molecada de hoje em dia, de 13,
14, 15 anos, não tem um ideal, nem um ideal político,
nada” (sic).
Jamelão, ex-presidente dos “Gaviões da Fiel”, acredi
ta que “(...) a imprensa tem que chegar junto com a gente
(...), porque todo aquele que for associado que está na faixa
de 15 a 17 anos, vendo uma matéria no jornal: ‘são-paulino
toca bomba no corintiano’, isso automaticamente fica na
memória dele no próximo jogo, ele vai fazer bomba para
atacar o são-paulino. (...) A imprensa ao invés de colabo
rar e querer saber quais os pontos para ter uma solução,
eles preferem vender a imagem, vender o jornal (...)”.
O argumento mais recorrente utilizado por represen
tantes de “torcidas” é que atos de violência podem ser
gerados em face de inúmeros fatores intimamente liga
dos às teias de relações desenvolvidas no evento espor
tivo, abrangendo desde a estrutura dos estádios até a ação
da polícia. Paulo Serdan sintetizou a justificativa: “(...)
um detalhe do juiz, um detalhe do bandeirinha, um de
talhe do policiamento. É uma série de detalhezinhos que
vai insulflar a ‘torcida’ e vai criar um clima de guerra.
Você chega num estádio e não tem água para beber, não
tem banheiro para ir (...), um guarda que é um pouco
violento (...), um bandeirinha que vira para trás e tira
um barato com a cara da ‘torcida’ ou o próprio diretor
de clube que o seu time faz gol, ele vira para a ‘torcida’
e tira um barato, então é uma série de detalhes que faz
você sair do sério (...)”.
O “torcedor”, no modelo “organizado”, não é mais um
mero espectador do “jogo”. No grupo ele é parte do espe
táculo, ele é o espetáculo. No grupo ele expressa sua mas
culinidade, seus sentimentos de solidariedade, de compa
nheirismo e de pertencimento em um grupo que o acolhe.
Paulo Serdan entende que o fascínio se dá, pois “(...) essa
juventude de hoje em dia não tem alguma coisa para se
espelhar e se inspirar. (...) eles não têm no que se apoiar.
(...) Qual o único segmento hoje em dia que expõe as suas
vontades e os seus desejos, mesmo que seja em relação
ao futebol? É a ‘torcida organizada’”.
CONCLUSÃO
A violência entre “torcidas organizadas” (acrescenta
se aqui o comportamento de inúmeros grupos de jovens)
passou a ser uma preocupação social, uma vez que assu
miu característica de acontecimento banal, débil e vazio.
Na mesma proporção, passou a ser, também, um incômo
do aos interesses em torno do evento esportivo.
As explicações que sucederam, restritas à observação
dos discursos das “autoridades esportivas” e dos “torce
dores”, têm ressonância nas seguintes justificativas:- má distribuição de renda;- exploração dos dirigentes esportivos e dos líderes das
“torcidas”;- efeitos da criminalidade;- ausência de expectativa de futuro aos jovens;- ausência do Estado, enquanto mentor de políticas pú
blicas de formação social;- efeitos da pobreza;
125
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(2) 2000- afrouxamento da ordem legal e das posturas repressivas
das instituições de segurança e justiça;- falta de emprego;- miséria generalizada;- familiarização com a violência;- falta de infra-estrutura nos estádios de futebol;- má arbitragem;- gozações de adversários;- derrota de uma partida de futebol.
Enfim, há um universo de argumentos e todos não são
desprezáveis do ponto de vista da análise empírica. No en
tanto, os argumentos utilizados pelos “torcedores” e “au
toridades esportivas” são insuficientes para aflorar aprofun
damentos ao entendimento dessa modalidade de violência.
As atitudes e as estratégias explicativas da violência
(seja qual for sua natureza) com ênfase apenas no forta
lecimento dos mecanismos de “segurança”, no direcio
namento das ações do poder público ao “disciplinamento”
e à “manutenção da ordem social vigente” devem ser, ve
ementemente, refutadas para evitar injustiças e erros, his
toricamente repetidos. Primeiro, porque quem produz a
violência, no visor imaginário do senso comum, é só a
pessoa de baixo poder aquisitivo, pobre, negro ou mesti
ço. Segundo, porque a ordem dominante não reconhece
que a violência pode constituir outras formas de relações
sociais, reproduzindo representações, códigos e estilos de
vida próprios.20 Por fim, porque o discurso dominante não
reconhece que o indivíduo faz parte de um sistema social
de padronização subjetiva e que recebe informações de
diversas ordens, reagindo aos estímulos com afetos, angús
tias, frustrações, excitações, prazer, etc.
Não cabe atribuir as causas da violência, exclusivamente,
às questões de classe social ou fatores estritamente econô
micos. Na composição de uma “torcida” participam pes
soas que respondem a processos criminais, viciados, estu
dantes, trabalhadores das mais diversas profissões, pais de
família, mulheres, jovens. Existe uma pluralidade de “agen
tes” que assumem diversos papéis nos “jogos” de relações
sociais. Paulo Serdan, ao descrever o perfil dos filiados da
“organizada” que faz parte, salientou que a “torcida” é “(...)
um grupo diversificado. Aqui temos pessoas de todas as
classes. (...), temos pessoas aqui que participam de parti
dos políticos (...), ricos, pobres, negros, amarelos, vicia
dos (...). A gente forma uma grande família”.
Pode-se dizer que os sócios das “organizadas” são pes
soas normais que gostam de futebol, do “barato” promo
vido pelas “torcidas” e vão aos estádios de futebol pela
diversão, pela viagem, pela bebida, pela excitação do
“jogo” e, até, pelo prazer de atos de violência.21
Não cabe, em igual proporção, pensar a violência en
tre “torcidas”, no caso do Brasil, negando os efeitos do
esvaziamento político do sujeito social, em especial dos
agrupamentos de jovens, instaurado no processo de cons
trução de uma “sociedade atomizada” (Scherer-Warren,
1993:112-113) e impulsionado pelos traçados ideológi
cos dos governos militares.
Para se ter uma idéia, extra-oficialmente,22 as vítimas
fatais nos enfrentamentos entre torcedores de futebol che
gam a 29 casos, sendo que a maioria pertence à faixa etá
ria de 10 a 22 anos, totalizando 20 casos. Desses, 15 ca
sos ocorreram de 1992 em diante. O comando do 2o
BPChq,23 da cidade de São Paulo, constatou que os
agressores são “(...) menores de 18 anos. A média de ida
de é 16 anos dos elementos que praticam atos violentos.
Isso não significa dizer que a gente não detenha indiví
duos maior de idade. Isso ocorre, mas existe uma grande
maioria de menores que praticam atos de violência”.
Na articulação vem-se reforçando a idéia de que a vi
olência não é disjunta da realidade social e que é parte da
dimensão real do cotidiano dos espaços urbanos das gran
des cidades brasileiras e, consecutivamente, dos grupos
de jovens. Portanto, a mola propulsora dessas dimensões
sociais, combinadas com uma infinidade de fatores his
tóricos, econômicos e socioculturais, ganha efeito pela
produção do esvaziamento político do sujeito social.
Nesse sentido, observa-se que os atos de violência
transformam-se em um plus nesses acontecimentos e cir
culam além das questões de classe social ou de efeitos do
econômico. Ou seja, no novo sujeito social, no caso o “tor
cedor organizado”, o prazer e a excitação gerados pela
prática de atos de violência podem ser elementos impor
tantes na interpretação do comportamento juvenil, uma
vez esvaziado de sua capacidade de ser sujeito coletivo.
Três aspectos se convergem para justificar e explicar
a violência entre “torcidas”: a juventude, cada vez mais
esvaziada de consciência social e coletiva; o modelo de
sociedade de consumo instaurado no Brasil, que valoriza
a individualidade, o banal e o vazio; e o prazer e a excita
ção gerados pela violência ou pelos confrontos agressi
vos.
O que se arrisca, por derradeiro, dizer é que a violência
caracterizou-se como parte intensa nas dimensões do coti
diano urbano contemporâneo, em especial dos grandes
centros, sendo que uma pista importante, diante da intole
126
VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL
rância da “comunidade” esportiva e das “autoridades pú
blicas” ao movimento de “torcidas organizadas”, cinge-se
na indicação de que a repressão (policial, legal, etc.) con
tribui para manter uma “suposta ordem”, porém, contribui,
também, no deslocamento dessa massa jovem para outros
movimentos de busca de prazer e de excitação.
NOTAS
E-mail do autor: cpimenta@iconet.com.br
1. A academia brasileira, nas últimas décadas, tem buscado respostas às múlti
plas facetas da violência, reconhecendo que o fenômeno transformou-se, sem
sombra de dúvidas, em uma das maiores preocupações no imaginário urbano.
Ver, nesse sentido, os trabalhos de Pinheiro (1982), Da Matta (1982), Pires (1985),
Morais (1985), Odália (1986), Benevides (1982), Costa (1993), entre outros.
Contudo, a temática da violência ainda é um assunto difícil e arenoso da promo
ção de intervenções acadêmicas.
2. O termo vândalo ou vandalismo é muito utilizado por investigadores euro
peus para distinguir o torcedor comum do violento, no caso europeu: Hooligan.
Ver os trabalhos de Duran Gonzalez (1996a e 1996b), Buford (1992), entre ou
tros. A proposta é evitar a utilização desse termo para, conseqüentemente, evitar
a rotulação policialesca ou midiática empregada aos acontecimentos de violên
cia entre torcedores organizados no Brasil.
3. Após o acontecimento do Pacaembu, as atividades das “torcidas organizadas”
foram proibidas, por ordem judicial e, conseqüentemente, houve a extinção des
sas entidades. O fato ocorreu somente no Estado de São Paulo. Contudo, não
significa que elas não marquem presença nos estádios de futebol e deixaram de
fazer suas reivindicações junto aos clubes. Recentemente, os “Gaviões da Fiel”
invadiram a sede do S. C. Corinthians Paulista e agrediram os jogadores de fute
bol, alegando ausência de ânimo e desempenho dos mesmos nas partidas (Diário
Popular, 28/06/2000:5).
4. Atos de violência acompanham o comportamento dos torcedores desde o iní
cio dos jogos de competição. Rodrigues Filho (1964:20-24) em O negro no fute
bol brasileiro, menciona que “quando o Bangu vencia, muito bem, não havia
nada, o trem podia voltar sem vidraças partidas. Quando o Bangu perdia, porém,
a coisa mudava de figura; os jogadores da cidade trancavam-se no barracão, o
vestiário da época, não queriam sair só com a polícia, os torcedores corriam para
esconder-se no trem, deitando-se nos bancos compridos de madeira, enquanto as
pedras fuzilavam, partindo vidros, quebrando cabeças. Vinha a polícia, os joga
dores saíam do barracão, bem guardados, os diretores do Bangu atrás deles, muito
amáveis, pedindo desculpas. Numa confusão dessas era natural que ninguém se
lembrasse da taça oferecida ao vencedor. Daí a expressão que pegou: ‘ganha,
mas não leva’. O clube da cidade podia ganhar o jogo. A taça, porém, ficava lá
em cima”.
5. Por “burocrática-militar” entende-se grupos de torcedores que formam, ao seu
redor, estrutura organizativa com base em estatutos, quadro associativo, depar
tamento administrativo e de vendas, sede para ponto de encontro, reuniões, inte
ração social e que estão preparados, se necessário, para o confronto físico e ver
bal contra os grupos rivais. Os “Gaviões da Fiel” modificaram o estilo das torci
das existentes institucionalizando formas de organização, administração e “es
tratégias” e “táticas” de defesa em confrontos com os “inimigos”, semelhantes
às práticas produzidas nos governos militares, pelo menos quanto à utilização
simbólica da linguagem militar (linha e pelotão de frente, combate, etc.). Ver
Pimenta (1997:64-82). A categoria “burocrática-militar”, apropriada no texto,
foi denominada pelo professor Maurício Muhad, pesquisador/fundador do Nú
cleo Permanente de Estudos de Sociologia do Futebol, do Departamento de Ciên
cias Sociais, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UERJ.
6. Para ampliar o entendimento da afirmação de ser as “torcidas organizadas”
um fenômeno urbano, ver Toledo (1996a:124-155).
7. Consideram-se os “Gaviões da Fiel” a “torcida organizada” mais antiga do
Brasil. Os “Gaviões” representam a primeira torcida a ter uma estrutura
organizativa regida por regras estatutárias e com característica burocrática/mili
tar, compondo-se de presidente e vice, conselheiros e diretores, eleitos periodi
camente, formando instituição privada sem fins lucrativos e seus sócios são tra
tados de forma “impessoal”. A “torcida” foi fundada em 01/07/1969, com o ob
jetivo de fiscalizar e apontar todos os erros praticados pelos dirigentes do S. C.
Corinthians Paulista, auto-intitulando-se “os representantes da nação corintiana”
junto à Instituição-Clube. A identificação desses grupos é percebida pela
vestimenta, pela virilidade e masculinidade, pelos cânticos de guerra, pelas trans
gressões das regras legais, pelas coreografias, pelo sentimento de pertencimento
ao grupo e pela necessidade de auto-afirmação. As “torcidas organizadas” opõem
se aos modelos considerados, demasiadamente, pacíficos adotados pelos
“charangas”, bandas musicais que a partir dos anos 40 davam nas arquibancadas
um tom carnavalesco de torcer pelo seu clube. Para aprofundar sobre o tema, ver
Toledo (1996a:21-38) e Pimenta (1997:64-93).
8. Nesse sentido, o trabalho de Kowarick (2000) traz referências importantes
sobre construção dos espaços urbanos, nos grandes centros brasileiros.
9. Entende-se por “novos sujeitos” os indivíduos, na sua maioria jovens, que
interagindo nos “jogos de relações sociais” sofrem(ram) esvaziamento de suas
identidades e personalidades coletivas ou alguma forma de exclusão pela “or
dem dominante” e que buscam, através de atos denunciatórios ou agressivos,
rosto social, resistência cultural e pertencimento a grupos coesos que lhes dêem
a possibilidade de vida social (Pimenta, 1996:17-26).
10. Sobre os fatores que influenciam o esvaziamento da consciência social e co
letiva do sujeito, ver Chauí (1986), Zermeño (1990:54-62) e Scherer-Warren
(1993:112-113).
11. Extraído de reportagem produzida pela TV Bandeirantes, em 20/08/1995,
após a Batalha Campal do Pacaembu, com torcedor da “Mancha Verde”, supos
to autor da morte do “Independente” Márcio Gasperin da Silva.
12. Fala de Adalberto Benedito dos Santos, torcedor da “Mancha Verde”, apon
tado como autor da morte do “Independente” Márcio Gasperin da Silva. TV
Bandeirantes, 20/08/1995.
13. Os dados foram extraídos dos programas “Cartão Verde” (TV Cultura), “Show
do Esporte” (TV Bandeirantes), produzidos no dia 20/08/1995, “Jornal do SBT”,
“Globo Esporte”, produzidos no dia 21/08/1995, e no Seminário A Violência no
Esporte, promovido pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Esta
do de São Paulo, uma semana após o acontecimento do Pacaembu, realizado na
Faculdade de Direito da USP, sob a coordenação de Júlio Lerner.
14. O jornalista esportivo Juca Kfouri, no Seminário A Violência no Esporte
(1996:61-64), reproduziu sua visão infeliz.
15. Folha de S.Paulo, 21/08/1995. Pelé retificou seu pensamento, posteriormen
te, dizendo que “(...) agora eu pedia cadeia para quem um dia pedi atenção, mui
tos entenderam que eu estava propondo a prisão de menores de idade. Certa
mente não me expressei bem, então. O que quis dizer, e repito, foi no sentido de
que os abandonados de novembro de 1969 tinham virado os delinqüentes de agosto
de 1995. Eles e seus filhos – e é claro que a sociedade precisa ter defesas contra
a violência” (Pimenta, 1996:17).
16. Todos os dados contidos nesse parágrafo foram extraídos da sistematização
de 614 textos jornalísticos da imprensa escrita paulista, de janeiro de 1980 a
dezembro de 1999.
17. No presente texto, todas as falas de Paulo Serdan são datadas de julho de
1995, na época presidente da “Mancha Verde”.
18. Dados obtidos junto às mencionadas “torcidas”, em abril de 1995.
19. Entrevista realizada em abril de 1995. Todas as “falas” de Jamelão, contidas
nesse texto, referem-se à entrevista supra.
20. Nesse sentido, ver Ortiz (1983), Elias e Dunning (1992), Diórgenes (1998),
Costa (1993), entre outros.
21. Sobre a questão da excitação e do prazer pela prática de atos que fogem aos
padrões de controle estabelecidos pelas sociedades capitalistas, ver Elias (1992b).
22. Os dados foram coletados na imprensa escrita de São Paulo, de janeiro de
1980 a dezembro de 1999.
23. Dados coletados junto ao comando do 2o BPChq, da Cidade de São Paulo.
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Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol:
violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais
Confira a noticia no Portal G1 da Rede Globo. .https://g1.globo.com/sp/sao-
A Inglaterra abordou a questão dos hooligans no futebol através de uma combinação de medidas rigorosas, incluindo reformas nos estádios, maior policiamento e leis mais severas contra a violência. O ponto de virada foi a tragédia de Hillsborough, que impulsionou reformas significativas na segurança e no gerenciamento de estádios.
Medidas tomadas:
Reformas nos estádios:
A Inglaterra implementou reformas extensas em seus estádios, incluindo a substituição de áreas de pé por assentos, o que ajudou a reduzir a densidade da multidão e a violência.
Aumento do policiamento:
Houve um aumento significativo na presença policial dentro e ao redor dos estádios, com o objetivo de controlar a multidão e prevenir confrontos.
Leis mais severas:
Foram introduzidas leis mais severas para punir a violência no futebol, incluindo prisões e proibições de estádios.
Responsabilidade dos clubes:
Os clubes de futebol foram responsabilizados pela segurança interna em seus estádios, incentivando-os a tomar medidas proativas para prevenir a violência.
Relatório Taylor:
O Relatório Taylor, publicado após a tragédia de Hillsborough, recomendou várias mudanças na segurança dos estádios e no controle de multidões, que foram amplamente implementadas.
Resultados:
Essas medidas tiveram um impacto significativo na redução da violência no futebol inglês, embora o problema do hooliganismo não tenha sido completamente erradicado. A Inglaterra conseguiu criar uma atmosfera mais segura e familiar para os torcedores de futebol, permitindo que o esporte florescesse novamente.
Confira a lei geral do esportehttps://www.planalto.gov.br/
A legislação é o conjunto de leis acerca de determinada matéria. A legislação á ciência das leis que determina o império jurídico em uma determinada sociedade. A legislação e a totalidade das leis em um Estado ou de determinado ramo do direito.
A lei é um preceito emanado de um autoridade soberana. A lei é um preceito dos poderes executivo, legislativo e judiciário no Brasil. A lei é uma ciência que determina as regras e as normas de vida dentro de uma sociedade. A lei é uma relação constante e necessária entre os fenômenos ou entre as causas e os efeitos em uma sociedade. A lei é um preceito e uma norma do direito moral. Isso segundo as informações do meu livro sobre a Constituição Federal do Brasil, do autor Guilherme Pena de Moraes.
Estado de Direito é um situação jurídica ou um sistema institucional, no qual cada um e todos estão submetidos ao império do direito. O Estado de Direito é ligado ao respeito as normas jurídicas e aos direitos fundamentais.
O Estado de Direito é uma instituição jurídica no qual até mesmo os mandatários políticos estão submetido ao império das leis que estarão vigorando no país. Segundo as informações do meu livro sobre a Constituição Federal, do autor Guilherme Pena de Moraes.
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Torcedor (as) é aquele (as) que acompanha o clube para qual torce. A intensidade do acompanhamento varia das características individuais de cada um. Contudo, esse acompanhamento tem um patamar mínimo, que é acompanhar a tabela de classificação dos campeonatos, saber quando seu time joga, saber o nome do técnico e de alguns jogadores.
Veja bem leitor (a). Não tenho formação em Direito. Tão pouco tenho formação em Direito Constitucional. Minha única formação acadêmica, á habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).
Contudo, como jornalista, cidadão e torcedor, acho que o Brasil deveria aplicar as leis no seu império jurídico, aonde se vise combater a criminalidade e violência nos estádio de futebol país afora.
Sou torcedor do São Paulo, entretanto, não frequento estádio de futebol em hipótese alguma. Como torcedor do São Paulo, eu comprei dois livros sobre os títulos do meu clube de coração.
Como torcedor do São Paulo, também fiz uma visita agendada ao estádio do clube e sua sala de troféus. Mas, entretanto, somente vou frequentar estádios de futebol quando houver a mínima segurança.
Mas vamos ao x da questão. É no mínimo estranho que esses “torcedores” tenham acesso tão fácil aos centros de treinamento de todos os clubes, pois há de se convir que as torcidas organizadas ganham ingresso dos dirigentes para jogos dentro e fora dos respectivos estádios, então existe um esquema que impede que se tomem providências para a solução desse problema .
Eu me lembro que na Inglaterra, nos anos 80, o futebol tinha um sério problema com os hooligans, que faziam exatamente as mesmas coisas que as nossas torcidas organizadas fazem aqui no Brasil.
Mas lá as autoridades tiveram vontade de acabar de vez com esse problema, e os chamados hooligans começaram a ser processados e presos. Com isso, o futebol inglês passou por uma grande transformação e hoje tem o melhor campeonato do mundo.
Se analisarmos a estrutura, lá na Inglaterra se qualquer cidadão invadir um centro de treinamento, ele irá responder por isso. Já aqui no Brasil, apesar de os jornais mostrarem casos absurdos de mortes nos estádios quase todos os dias, estranhamente nada é feito pelas nossas autoridades para sanar a questão. A pergunta é: por que?
Vejam bem, amigos. Como já postei em outros textos, tenho sido um são-paulino que vem sofrendo muito com os elencos que as últimas diretorias do meu clube de coração tem montado nos últimos anos. Mas eu durante a tarde estou trabalhando. Ou seja: eu não tenho tempo e nem cabeça pra pensar em invadir nenhum centro de treinamento.
A Inglaterra é o maior exemplo de que o problema das organizadas é totalmente solucionável. Basta ter vontade para resolver essa questão, e acabar com a praga da impunidade. Com toda a certeza o dia em que isso acontecer, alguma pessoa que invade centro de treinamento ou agredir alguém no estádio, irá pensar duas vezes antes de cometer o ato, pois ela sabe que irá ser responsabilizada por isso.
Confira os campeões de todos os campeonatos de futebol no Brasil e no mundo. No Site campeões do futebol. https://www.campeoesdofutebol.
Confira os canais do site campeões do futebol.https://www.campeoesdofutebol.
Imagem ; CNN Brasil.
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