sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Torcida Organizada.

  VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS

 ORGANIZADAS DE FUTEBOL

 CARLOS ALBERTO MÁXIMO PIMENTA

 Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol:

 violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais.

 Resumo: O presente artigo busca compreender o fenômeno da violência entre “torcidas organizadas”, a partir

 das justificativas de explicação dos atos de violências utilizadas pelas “autoridades públicas” e torcedores.

 Mostra, em síntese, que a violência produzida pelos grupos de torcedores é parte da dimensão cotidiana dos

 grandes centros urbanos na sociedade brasileira contemporânea, conseqüência do esvaziamento político-cul

tural-coletivo dos novos sujeitos sociais.

 Palavras-chave: futebol no Brasil; violência; torcidas organizadas.

 O

 presente artigo tem a pretensão de explicitar que

 as práticas de violência produzidas pelas torcidas

 organizadas inflexionam-se e (re)dimensionam-se

 na base dos “jogos de relações” travados no cotidiano da

 sociedade brasileira contemporânea.

 A reflexão proposta segue caráter essencialmente pros

pectivo e indagatório, cuja análise temática circunscreve-se

 em pesquisas empíricas qualitativas/críticas desenvolvidas

 junto às torcidas “Gaviões da Fiel”, “Independente” e “Man

cha Verde”, sediadas na cidade de São Paulo, e sobre a vio

lência implicada no processo de profissionalização da es

trutura administrativa do futebol brasileiro, síntese das

 projeções políticas e econômicas de nosso Estado.

 O recorte dessa reflexão se faz necessário, pois pre

tende-se buscar uma melhor compreensão de nosso tem

po social, rompendo com visões reduzidas, conservado

ras ou meramente estatísticas sobre o tema violência, bem

 como indicar apontamentos às modificações sentidas no

 cotidiano dos grandes centros urbanos brasileiros que

 (re)ordenam o comportamento dos grupos de jovens, em

 face das transformações políticas, econômicas e socio

culturais em curso.

 Por outro lado, mesmo com “toda” perspectiva de

 (re)visitar posturas mais ampliadas, sabe-se que não é

 muito tranqüilo iniciar discussão sobre violência, sob

 qualquer ótica.1 Trata-se de um tema ainda bastante pe

noso e pesado, do ponto de vista do objeto-sujeito, bem

 como do método determinista e/ou não-determinista. Con

tudo, em que pese a intranqüilidade exposta, caminhar é

 preciso e ir a fundo na questão significa atentar para as

 particularidades de cada violência e de como cada grupo

 faz uso dela ou nela está inserido. Não é tarefa (e nem

 abordagem) fácil!

 Pois bem, é na tentativa de compreender nosso tempo

 social e na perspectiva de romper com visões reduzidas

 que são tomados como referência de observação os dis

cursos de “autoridades” (desportivas, públicas, etc.) e de

 torcedores filiados para refutar atitudes e estratégias

 explicativas de violência, com ênfase no fortalecimento

 dos mecanismos de “segurança”, direcionando ações do

 poder público ao “disciplinamento” e à “manutenção da

 ordem social vigente”.

 A violência vem ganhando parte significativa na agenda

 social, em especial nos veículos de comunicação de mas

sa, parecendo assumir o epicentro das preocupações do

 poder público e do homem contemporâneo. No entanto,

 merece ser observada por outros ângulos cada vez menos

 policialescos ou midiáticos, para evitar que seja utiliza

da, apenas, como cenário de “espetáculo” e “banalização”

 humana.

 A partir da visão dos “torcedores” (muitas vezes de

nominados vândalos2 em trabalhos científicos) e das “au

toridades” envolvidas com o evento esportivo, busca-se

 relacionar a violência produzida entre as “torcidas orga

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VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL

 nizadas” com os “jogos” de relações sociais travados no

 espaço urbano. Pelos olhos desses envolvidos é que se

 encaminhará a fundamentação das questões levantadas.

 A observação privilegiará os discursos coletados em

 pesquisa de campo ou em dados obtidos na imprensa es

crita e televisiva, dos anos 80 em diante, tendo como ponto

 de partida:- aumento da violência entre “torcidas organizadas”;- a intolerância com a violência, após o dia 20 de agosto

 de 1995, no acontecimento denominado de “Batalha Cam

pal do Pacaembu”;- a incompatibilidade da violência com os rumos da pro

fissionalização administrativa do futebol brasileiro.

 O FENÔMENO: “TORCIDAS ORGANIZADAS”

 A violência ao redor do futebol não é acontecimento

 novo e há exemplos na história do futebol brasileiro4 e

 mundial (Murphy, Williams e Dunning, 1994:39-70) de

 atos de extrema violência entre torcedores. O que é iné

dito é o movimento social de jovens em torno de uma

 organização que difunde novas dimensões culturais e sim

bólicas no cotidiano urbano, amoldando o comportamento

 dos inscritos. Diante desse contexto, duas questões ficam

 registradas: quem são esses “torcedores”? Quais os moti

vos desse aumento considerável de violência?

 Dos anos 80 para cá, sabe-se que, no Brasil, o com

portamento do torcedor nas arquibancadas dos estádios

 de futebol modificou-se consideravelmente. Isso se deu

 pelo surgimento de configurações organizativas com ca

racterística burocrática/militar,5 fenômeno essencialmente

 urbano6 que cria uma nova categoria de torcedor, ou seja,

 o chamado “torcedor organizado”.

 Fica uma indagação: em quais circunstâncias socio

culturais, políticas e econômicas nasce essa “nova cate

goria de torcedor”? A questão perpassa todo texto e re

mete à análise da constituição do tecido social das grandes

 cidades.

 As primeiras “torcidas organizadas” datam do fim da

 década de 60 e do começo dos anos 70.7 Nesse período, o

 Brasil caminhava em passos largos na busca do desen

volvimento econômico e a cidade de São Paulo avançava

 no processo de aceleração urbana, porém, notoriamente

 desarticulado e descompromissado com as bases sociais.8

 A violência entre “torcidas organizadas” não está de

sarticulada dos aspectos político, econômico e sociocultural

 vivenciados nas relações individuais e grupais na socieda

de brasileira contemporânea. Conseqüentemente, o estilo

 de vida dos jovens, aqui denominados de novos sujeitos

 sociais,9 não pode ser dissociado dos desdobramentos cau

sados por esses traçados político-econômicos legitimados

 no “jogo” social. Na década de 70, o poder de mando do

 complexo industrial interferiu nas macroorganizações po

lítico-econômicas, provocando grandes instabilidades nas

 microorganizações sociais emergentes.

 Em outras palavras, o conflito entre os poderes econô

mico e social marcou a construção do espaço urbano das

 grandes cidades, prevalecendo o interesse do capital e,

 de alguma forma, esse processo interferiu, inclusive, na

 identidade social dos jovens que se expressam através da

 negação do outro (enquanto ser social), da disputa e da

 violência prazeirosa entre os grupos rivais.

 Ademais, um apontamento possível desses desdobra

mentos é o esvaziamento da noção do coletivo na forma

ção dos jovens, fator indispensável na compreensão dos

 novos sujeitos. O aumento dos atos de violência pratica

dos pelo movimento de “torcidas organizadas” tem de

corrência no surgimento desses “sujeitos”. Estes são, pre

dominantemente, jovens individualizados, do ponto de

 vista da formação de uma consciência social e coletiva.10

 O diálogo grafado viabiliza melhor o entendimento da ar

gumentação exposta:

 “Repórter: - O que você acha dessa violência?

 Torcedor: - (...) a gente tem um cachorro que vai e te

 morde e você vai ficar parado?”11

 Os atos de violência perdem a percepção da existência

 do outro, enquanto pessoa do mesmo grupo social ou

 mesmo humana:

 “Repórter: - Você chegou a bater em alguém?

 Torcedor: - Não sei...

 Repórter: - Você se defendeu pelo menos?

 Torcedor: - Defendi...

 Repórter: - O que você acha disso, você gosta?

 Torcedor: - Gosto ... é só para chegar em casa e ter o

 prazer de tirar um barato com os meus amigos.

 Repórter: - Não importa que alguém morra nisso?

 Torcedor: - Não sendo amigo meu, tudo bem?”12

 Armando Nogueira, no programa “Apito Final”, da TV

 Bandeirantes, no dia 20 de agosto de 1995, após o aconte

cimento no Pacaembu, percebeu que “(...) É com um cons

trangimento inimaginável. Eu estava vendo estas cenas aqui

 e não é o caso da gente fazer uma pergunta mais profunda,

 porque a paisagem humana que eu vi em campo era predo

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SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(2) 2000

 minantemente de adolescentes, predominantemente de ga

rotos e aí eu pergunto: como nos desculpar de tudo isso? O

 que o Brasil tem feito pela sua infância? O que o Brasil

 tem feito pela sua adolescência? (...) eu não tenho a menor

 dúvida que nós não podemos nos considerar inocentes.”

 VISÃO DAS “AUTORIDADES ESPORTIVAS”

 A violência, via de regra, é o elemento aglutinador e

 constitutivo dos agrupamentos de torcedores. Nota-se que,

 no entendimento dessa modalidade de violência, aos olhos

 tanto dos “torcedores” quanto das “autoridades esporti

vas” os argumentos explicativos permanecem no eixo do

 econômico e da classe social, como determinantes.

 Após o fatídico dia 20/08/1995, diversos discursos13

 sucederam na imprensa e, por esse episódio, possibilitou

se a revelação do entendimento das autoridades esportivas

 sobre os fatores geracionais de atos de violência entre “tor

cedores”. O repórter Flávio Prado entende que:  “(...) Es

ses jogos de graça, envolvendo grandes equipes, são óti

mos pretextos para que esses marginais compareçam.”

 Já o jornalista esportivo Juca Kfouri14 expressou: “(...)

 uma das soluções que eu vejo imediata é proibir, termi

nantemente, o futebol com portões abertos; futebol de

 massa nem pensar, porque é a senha para bandidos toma

rem conta do estádio. Cobrar o ingresso e cobrar caro,

 cada vez mais caro, com cadeiras em todos os setores do

 estádio. Tornar o futebol um esporte para a elite, vão lá

 40 mil abençoados por Deus, da alta classe média desse

 país (...). Evidentemente que não são os pobres os culpa

dos pela violência. Os culpados pela violência a gente

 conhece desde a distribuição de renda neste país, mas que

 infelizmente, 90% desses vândalos são do ‘lumpesinato’,

 são; são explorados, são; são um bando de desocupados,

 são (...) ou são explorados dessa gente, em regra os presi

dentes de ‘torcidas organizadas’ (...).”

 O Promotor Público, Fernando Capez (1996:49), de

signado para mover ações públicas contra a legalidade das

 “torcidas organizadas”, salientou que “(...) o recrudesci

mento dos problemas sociais e econômicos, o considerá

vel aumento da distância entre os segmentos sociais, o

 alastramento generalizado da miséria, a falta de emprego

 e de acesso a um sistema de educação e saúde minima

mente adequados, entre tantos outros problemas, acaba

ram criando perigosos focos de tensão social”.

 As sucessivas declarações caminharam no sentido de

 explicar a violência pelos mesmos condutores, ou seja,

 fatores econômicos e de classe social. A solução, por essa

 via, traduz-se no cerceamento do acesso dos torcedores

 aos estádios através da ação policial ou da majoração dos

 ingressos dos jogos. Portanto, o que se quer dizer é que

 tais discursos simplificados reforçam na ótica da opinião

 pública e das instituições repressivas que a violência tem

 corpo e rosto. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé,15 ar

gumentou que “(...) é muito triste. Eu que na época do

 milésimo gol pedi escola para as crianças, hoje peço ca

deia para esses meninos”.

 Em outras palavras, essa linha de pensamento nos re

mete, apenas, a revermos as injustiças e as desigualda

des, à inércia do Estado e à desestruturação da ordem le

gal, sem ao certo colocarmos em pauta o modelo de

 sociedade e suas trajetórias ideológicas no campo do

 “jogo” político-cultural.

 OS “ORGANIZADOS” E SUAS VISÕES

 Na intenção de compreender o fenômeno, é importan

te registrar que foi nos anos de 1992 e 1994 que ocorreu

 a maior parte dos envolvimentos, noticiados, entre “tor

cidas”, resultando na morte de 12 pessoas, sendo quatro

 delas em 1992 e oito em 1994. Nesse período, os con

frontos passaram a ser constantes e os instrumentos utili

zados para defesa e/ou ataque tinham o poder de ocasio

nar lesões de natureza grave. Os “torcedores” começam a

 fazer uso de “bombas” e “armas de fogo”, instrumentos,

 até então, pouco utilizados nos embates entre “torcidas”.16

 O fato de constatar-se que antes dos anos 90 não havia

 notícias de inúmeras mortes não significa que os confron

tos inexistiam. Segundo Paulo Serdan,17 “as brigas eram

 na mão e não havia armas” (sic).

 Em 1991, a “Mancha Verde” tinha 4.000 filiados, a

 “Independente”, 7.000 e os “Gaviões da Fiel”, 12.000. Até

 outubro de 1995, período em que passaram a ocorrer, por

 parte da Justiça Pública paulistana, cerceamentos das ati

vidades desenvolvidas pelas “organizadas”, estas “torci

das” tinham em seus quadros o registro de 18.000, 28.000

 e 46.000 filiados, respectivamente.18

 O afluxo de jovens às “torcidas”, no entender de

 Jamelão,19 ex-presidente dos “Gaviões da Fiel”, se deu

 porque “o monstro ‘Gaviões’ tem crescido muito desde

 1990 e há uma grande procura por parte dos garotos de

 13, 14, 15 e até 18 anos. (...) essa procura é boa, aqui nós

 temos um conselho, nós temos um ideal e eu acho que

 nessas ‘torcidas’ está faltando um pouco disso (...)”.

 As novas filiações eram, basicamente, realizadas por

 jovens entre 12 e 18 anos de idade, atraídos pela

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VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL

 vestimenta, força e coesão do grupo, relações verti

calizadas, estilo de vida, prazer da violência, enfim, pe

los aspectos estético-lúdico-simbólicos disponibilizados

 à massa jovem, intimamente ligados ao modelo de socie

dade de consumo instaurado no Brasil.

 A “Mancha Verde”, por exemplo, fundada em 11 de

 janeiro de 1983, desde a escolha do nome até as atitudes

 praticadas nas arquibancadas e nas ruas da cidade, demons

trou ser uma “torcida” forte e preparada para enfrentar

 suas rivais: “escolhemos o nome ‘Mancha Verde’com base

 no personagem ‘Mancha Negra’ do Walt Disney, que é

 uma figura meio bandida, meio tenebrosa. A gente preci

sava de uma figura ideal e de pessoas que estivessem a

 fim de mudar a história. Na época, a gente tinha uns 13/

 14 anos de idade e já havíamos sofrido muito com as ou

tras ‘torcidas’, então, a gente começou com muita vonta

de, muita garra e na base da violência. A gente deve ter

 exagerado um pouco, porém, foi um mal necessário. A

 gente conseguiu o nosso espaço e adquirimos o respeito

 das demais ‘torcidas’.”

 A violência, verbal e física, traduziu-se em um dos prin

cipais códigos e símbolos sociais de agrupamento de jo

vens em torno das “torcidas organizadas”. À medida que

 os números estatísticos e os atos de agressividade aumen

tavam, proporcionalmente, cresciam a procura e a filiação

 ao movimento.

 Como se explica, a partir dos próprios “torcedores”,

 atos de extrema violência praticados entre “torcidas”?

 No entendimento dos dirigentes, o assustador aumento

 da violência, além dos argumentos utilizados pelas “au

toridades esportivas”, tem dois fatores preponderantes:

 a influência da mídia e os ingredientes do próprio “jogo”.

 Para Paulo Serdan, “(...) a imprensa cria fatos que não

 existiu, mas a gente já está acostumado com isso (...). O

 lance é que o jornal tem que vender. (...) se as ‘torcidas

 organizadas’ cresceram muito, a imprensa ajudou mui

to também, porque essa molecada de hoje em dia, de 13,

 14, 15 anos, não tem um ideal, nem um ideal político,

 nada” (sic).

 Jamelão, ex-presidente dos “Gaviões da Fiel”, acredi

ta que “(...) a imprensa tem que chegar junto com a gente

 (...), porque todo aquele que for associado que está na faixa

 de 15 a 17 anos, vendo uma matéria no jornal: ‘são-paulino

 toca bomba no corintiano’, isso automaticamente fica na

 memória dele no próximo jogo, ele vai fazer bomba para

 atacar o são-paulino. (...) A imprensa ao invés de colabo

rar e querer saber quais os pontos para ter uma solução,

 eles preferem vender a imagem, vender o jornal (...)”.

 O argumento mais recorrente utilizado por represen

tantes de “torcidas” é que atos de violência podem ser

 gerados em face de inúmeros fatores intimamente liga

dos às teias de relações desenvolvidas no evento espor

tivo, abrangendo desde a estrutura dos estádios até a ação

 da polícia. Paulo Serdan sintetizou a justificativa: “(...)

 um detalhe do juiz, um detalhe do bandeirinha, um de

talhe do policiamento. É uma série de detalhezinhos que

 vai insulflar a ‘torcida’ e vai criar um clima de guerra.

 Você chega num estádio e não tem água para beber, não

 tem banheiro para ir (...), um guarda que é um pouco

 violento (...), um bandeirinha que vira para trás e tira

 um barato com a cara da ‘torcida’ ou o próprio diretor

 de clube que o seu time faz gol, ele vira para a ‘torcida’

 e tira um barato, então é uma série de detalhes que faz

 você sair do sério (...)”.

 O “torcedor”, no modelo “organizado”, não é mais um

 mero espectador do “jogo”. No grupo ele é parte do espe

táculo, ele é o espetáculo. No grupo ele expressa sua mas

culinidade, seus sentimentos de solidariedade, de compa

nheirismo e de pertencimento em um grupo que o acolhe.

 Paulo Serdan entende que o fascínio se dá, pois “(...) essa

 juventude de hoje em dia não tem alguma coisa para se

 espelhar e se inspirar. (...) eles não têm no que se apoiar.

 (...) Qual o único segmento hoje em dia que expõe as suas

 vontades e os seus desejos, mesmo que seja em relação

 ao futebol? É a ‘torcida organizada’”.

 CONCLUSÃO

 A violência entre “torcidas organizadas” (acrescenta

se aqui o comportamento de inúmeros grupos de jovens)

 passou a ser uma preocupação social, uma vez que assu

miu característica de acontecimento banal, débil e vazio.

 Na mesma proporção, passou a ser, também, um incômo

do aos interesses em torno do evento esportivo.

 As explicações que sucederam, restritas à observação

 dos discursos das “autoridades esportivas” e dos “torce

dores”, têm ressonância nas seguintes justificativas:- má distribuição de renda;- exploração dos dirigentes esportivos e dos líderes das

 “torcidas”;- efeitos da criminalidade;- ausência de expectativa de futuro aos jovens;- ausência do Estado, enquanto mentor de políticas pú

blicas de formação social;- efeitos da pobreza;

 125

SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 14(2) 2000- afrouxamento da ordem legal e das posturas repressivas

 das instituições de segurança e justiça;- falta de emprego;- miséria generalizada;- familiarização com a violência;- falta de infra-estrutura nos estádios de futebol;- má arbitragem;- gozações de adversários;- derrota de uma partida de futebol.

 Enfim, há um universo de argumentos e todos não são

 desprezáveis do ponto de vista da análise empírica. No en

tanto, os argumentos utilizados pelos “torcedores” e “au

toridades esportivas” são insuficientes para aflorar aprofun

damentos ao entendimento dessa modalidade de violência.

 As atitudes e as estratégias explicativas da violência

 (seja qual for sua natureza) com ênfase apenas no forta

lecimento dos mecanismos de “segurança”, no direcio

namento das ações do poder público ao “disciplinamento”

 e à “manutenção da ordem social vigente” devem ser, ve

ementemente, refutadas para evitar injustiças e erros, his

toricamente repetidos. Primeiro, porque quem produz a

 violência, no visor imaginário do senso comum, é só a

 pessoa de baixo poder aquisitivo, pobre, negro ou mesti

ço. Segundo, porque a ordem dominante não reconhece

 que a violência pode constituir outras formas de relações

 sociais, reproduzindo representações, códigos e estilos de

 vida próprios.20 Por fim, porque o discurso dominante não

 reconhece que o indivíduo faz parte de um sistema social

 de padronização subjetiva e que recebe informações de

 diversas ordens, reagindo aos estímulos com afetos, angús

tias, frustrações, excitações, prazer, etc.

 Não cabe atribuir as causas da violência, exclusivamente,

 às questões de classe social ou fatores estritamente econô

micos. Na composição de uma “torcida” participam pes

soas que respondem a processos criminais, viciados, estu

dantes, trabalhadores das mais diversas profissões, pais de

 família, mulheres, jovens. Existe uma pluralidade de “agen

tes” que assumem diversos papéis nos “jogos” de relações

 sociais. Paulo Serdan, ao descrever o perfil dos filiados da

 “organizada” que faz parte, salientou que a “torcida” é “(...)

 um grupo diversificado. Aqui temos pessoas de todas as

 classes. (...), temos pessoas aqui que participam de parti

dos políticos (...), ricos, pobres, negros, amarelos, vicia

dos (...). A gente forma uma grande família”.

 Pode-se dizer que os sócios das “organizadas” são pes

soas normais que gostam de futebol, do “barato” promo

vido pelas “torcidas” e vão aos estádios de futebol pela

 diversão, pela viagem, pela bebida, pela excitação do

 “jogo” e, até, pelo prazer de atos de violência.21

 Não cabe, em igual proporção, pensar a violência en

tre “torcidas”, no caso do Brasil, negando os efeitos do

 esvaziamento político do sujeito social, em especial dos

 agrupamentos de jovens, instaurado no processo de cons

trução de uma “sociedade atomizada” (Scherer-Warren,

 1993:112-113) e impulsionado pelos traçados ideológi

cos dos governos militares.

 Para se ter uma idéia, extra-oficialmente,22 as vítimas

 fatais nos enfrentamentos entre torcedores de futebol che

gam a 29 casos, sendo que a maioria pertence à faixa etá

ria de 10 a 22 anos, totalizando 20 casos. Desses, 15 ca

sos ocorreram de 1992 em diante. O comando do 2o

 BPChq,23 da cidade de São Paulo, constatou que os

 agressores são “(...) menores de 18 anos. A média de ida

de é 16 anos dos elementos que praticam atos violentos.

 Isso não significa dizer que a gente não detenha indiví

duos maior de idade. Isso ocorre, mas existe uma grande

 maioria de menores que praticam atos de violência”.

 Na articulação vem-se reforçando a idéia de que a vi

olência não é disjunta da realidade social e que é parte da

 dimensão real do cotidiano dos espaços urbanos das gran

des cidades brasileiras e, consecutivamente, dos grupos

 de jovens. Portanto, a mola propulsora dessas dimensões

 sociais, combinadas com uma infinidade de fatores his

tóricos, econômicos e socioculturais, ganha efeito pela

 produção do esvaziamento político do sujeito social.

 Nesse sentido, observa-se que os atos de violência

 transformam-se em um plus nesses acontecimentos e cir

culam além das questões de classe social ou de efeitos do

 econômico. Ou seja, no novo sujeito social, no caso o “tor

cedor organizado”, o prazer e a excitação gerados pela

 prática de atos de violência podem ser elementos impor

tantes na interpretação do comportamento juvenil, uma

 vez esvaziado de sua capacidade de ser sujeito coletivo.

 Três aspectos se convergem para justificar e explicar

 a violência entre “torcidas”: a juventude, cada vez mais

 esvaziada de consciência social e coletiva; o modelo de

 sociedade de consumo instaurado no Brasil, que valoriza

 a individualidade, o banal e o vazio; e o prazer e a excita

ção gerados pela violência ou pelos confrontos agressi

vos.

 O que se arrisca, por derradeiro, dizer é que a violência

 caracterizou-se como parte intensa nas dimensões do coti

diano urbano contemporâneo, em especial dos grandes

 centros, sendo que uma pista importante, diante da intole

126

VIOLÊNCIA ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS DE FUTEBOL

 rância da “comunidade” esportiva e das “autoridades pú

blicas” ao movimento de “torcidas organizadas”, cinge-se

 na indicação de que a repressão (policial, legal, etc.) con

tribui para manter uma “suposta ordem”, porém, contribui,

 também, no deslocamento dessa massa jovem para outros

 movimentos de busca de prazer e de excitação.

 NOTAS

 E-mail do autor: cpimenta@iconet.com.br

 1.  A academia brasileira, nas últimas décadas, tem buscado respostas às múlti

plas facetas da violência, reconhecendo que o fenômeno transformou-se, sem

 sombra de dúvidas, em uma das maiores preocupações no imaginário urbano.

 Ver, nesse sentido, os trabalhos de Pinheiro (1982), Da Matta (1982), Pires (1985),

 Morais (1985), Odália (1986), Benevides (1982), Costa (1993), entre outros.

 Contudo, a temática da violência ainda é um assunto difícil e arenoso da promo

ção de intervenções acadêmicas.

 2. O termo vândalo ou vandalismo é muito utilizado por investigadores euro

peus para distinguir o torcedor comum do violento, no caso europeu: Hooligan.

 Ver os trabalhos de Duran Gonzalez (1996a e 1996b), Buford (1992), entre ou

tros. A proposta é evitar a utilização desse termo para, conseqüentemente, evitar

 a rotulação policialesca ou midiática empregada aos acontecimentos de violên

cia entre torcedores organizados no Brasil.

 3. Após o acontecimento do Pacaembu, as atividades das “torcidas organizadas”

 foram proibidas, por ordem judicial e, conseqüentemente, houve a extinção des

sas entidades. O fato ocorreu somente no Estado de São Paulo. Contudo, não

 significa que elas não marquem presença nos estádios de futebol e deixaram de

 fazer suas reivindicações junto aos clubes. Recentemente, os “Gaviões da Fiel”

 invadiram a sede do S. C. Corinthians Paulista e agrediram os jogadores de fute

bol, alegando ausência de ânimo e desempenho dos mesmos nas partidas (Diário

 Popular, 28/06/2000:5).

 4. Atos de violência acompanham o comportamento dos torcedores desde o iní

cio dos jogos de competição. Rodrigues Filho (1964:20-24) em O negro no fute

bol brasileiro, menciona que “quando o Bangu vencia, muito bem, não havia

 nada, o trem podia voltar sem vidraças partidas. Quando o Bangu perdia, porém,

 a coisa mudava de figura; os jogadores da cidade trancavam-se no barracão, o

 vestiário da época, não queriam sair só com a polícia, os torcedores corriam para

 esconder-se no trem, deitando-se nos bancos compridos de madeira, enquanto as

 pedras fuzilavam, partindo vidros, quebrando cabeças. Vinha a polícia, os joga

dores saíam do barracão, bem guardados, os diretores do Bangu atrás deles, muito

 amáveis, pedindo desculpas. Numa confusão dessas era natural que ninguém se

 lembrasse da taça oferecida ao vencedor. Daí a expressão que pegou: ‘ganha,

 mas não leva’. O clube da cidade podia ganhar o jogo. A taça, porém, ficava lá

 em cima”.

 5. Por “burocrática-militar” entende-se grupos de torcedores que formam, ao seu

 redor, estrutura organizativa com base em estatutos, quadro associativo, depar

tamento administrativo e de vendas, sede para ponto de encontro, reuniões, inte

ração social e que estão preparados, se necessário, para o confronto físico e ver

bal contra os grupos rivais. Os “Gaviões da Fiel” modificaram o estilo das torci

das existentes institucionalizando formas de organização, administração e “es

tratégias” e “táticas” de defesa em confrontos com os “inimigos”, semelhantes

 às práticas produzidas nos governos militares, pelo menos quanto à utilização

 simbólica da linguagem militar (linha e pelotão de frente, combate, etc.). Ver

 Pimenta (1997:64-82). A categoria “burocrática-militar”, apropriada no texto,

 foi denominada pelo professor Maurício Muhad, pesquisador/fundador do Nú

cleo Permanente de Estudos de Sociologia do Futebol, do Departamento de Ciên

cias Sociais, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UERJ.

 6. Para ampliar o entendimento da afirmação de ser as “torcidas organizadas”

 um fenômeno urbano, ver Toledo (1996a:124-155).

 7. Consideram-se os “Gaviões da Fiel” a “torcida organizada” mais antiga do

 Brasil. Os “Gaviões” representam a primeira torcida a ter uma estrutura

 organizativa regida por regras estatutárias e com característica burocrática/mili

tar, compondo-se de presidente e vice, conselheiros e diretores, eleitos periodi

camente, formando instituição privada sem fins lucrativos e seus sócios são tra

tados de forma “impessoal”. A “torcida” foi fundada em 01/07/1969, com o ob

jetivo de fiscalizar e apontar todos os erros praticados pelos dirigentes do S. C.

 Corinthians Paulista, auto-intitulando-se “os representantes da nação corintiana”

 junto à Instituição-Clube. A identificação desses grupos é percebida pela

 vestimenta, pela virilidade e masculinidade, pelos cânticos de guerra, pelas trans

gressões das regras legais, pelas coreografias, pelo sentimento de pertencimento

 ao grupo e pela necessidade de auto-afirmação. As “torcidas organizadas” opõem

se aos modelos considerados, demasiadamente, pacíficos adotados pelos

 “charangas”, bandas musicais que a partir dos anos 40 davam nas arquibancadas

 um tom carnavalesco de torcer pelo seu clube. Para aprofundar sobre o tema, ver

 Toledo (1996a:21-38) e Pimenta (1997:64-93).

 8. Nesse sentido, o trabalho de Kowarick (2000) traz referências importantes

 sobre construção dos espaços urbanos, nos grandes centros brasileiros.

 9. Entende-se por “novos sujeitos” os indivíduos, na sua maioria jovens, que

 interagindo nos “jogos de relações sociais” sofrem(ram) esvaziamento de suas

 identidades e personalidades coletivas ou alguma forma de exclusão pela “or

dem dominante” e que buscam, através de atos denunciatórios ou agressivos,

 rosto social, resistência cultural e pertencimento a grupos coesos que lhes dêem

 a possibilidade de vida social (Pimenta, 1996:17-26).

 10. Sobre os fatores que influenciam o esvaziamento da consciência social e co

letiva do sujeito, ver Chauí (1986), Zermeño (1990:54-62) e Scherer-Warren

 (1993:112-113).

 11. Extraído de reportagem produzida pela TV Bandeirantes, em 20/08/1995,

 após a Batalha Campal do Pacaembu, com torcedor da “Mancha Verde”, supos

to autor da morte do “Independente” Márcio Gasperin da Silva.

 12. Fala de Adalberto Benedito dos Santos, torcedor da “Mancha Verde”, apon

tado como autor da morte do “Independente” Márcio Gasperin da Silva. TV

 Bandeirantes, 20/08/1995.

 13.  Os dados foram extraídos dos programas “Cartão Verde” (TV Cultura), “Show

 do Esporte” (TV Bandeirantes), produzidos no dia 20/08/1995, “Jornal do SBT”,

 “Globo Esporte”, produzidos no dia 21/08/1995, e no Seminário A Violência no

 Esporte, promovido pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Esta

do de São Paulo, uma semana após o acontecimento do Pacaembu, realizado na

 Faculdade de Direito da USP, sob a coordenação de Júlio Lerner.

 14. O jornalista esportivo Juca Kfouri, no Seminário A Violência no Esporte

 (1996:61-64), reproduziu sua visão infeliz.

 15. Folha de S.Paulo, 21/08/1995. Pelé retificou seu pensamento, posteriormen

te, dizendo que “(...) agora eu pedia cadeia para quem um dia pedi atenção, mui

tos entenderam que eu estava propondo a prisão de menores de idade. Certa

mente não me expressei bem, então. O que quis dizer, e repito, foi no sentido de

 que os abandonados de novembro de 1969 tinham virado os delinqüentes de agosto

 de 1995. Eles e seus filhos – e é claro que a sociedade precisa ter defesas contra

 a violência” (Pimenta, 1996:17).

 16. Todos os dados contidos nesse parágrafo foram extraídos da sistematização

 de 614 textos jornalísticos da imprensa escrita paulista, de janeiro de 1980 a

 dezembro de 1999.

 17. No presente texto, todas as falas de Paulo Serdan são datadas de julho de

 1995, na época presidente da “Mancha Verde”.

 18. Dados obtidos junto às mencionadas “torcidas”, em abril de 1995.

 19. Entrevista realizada em abril de 1995. Todas as “falas” de Jamelão, contidas

 nesse texto, referem-se à entrevista supra.

 20. Nesse sentido, ver Ortiz (1983), Elias e Dunning (1992), Diórgenes (1998),

 Costa (1993), entre outros.

 21. Sobre a questão da excitação e do prazer pela prática de atos que fogem aos

 padrões de controle estabelecidos pelas sociedades capitalistas, ver Elias (1992b).

 22. Os dados foram coletados na imprensa escrita de São Paulo, de janeiro de

 1980 a dezembro de 1999.

 23. Dados coletados junto ao comando do 2o BPChq, da Cidade de São Paulo.

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 Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol:

 violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais

Confira a noticia no Portal G1 da Rede Globo.                        .https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/03/mais-um-palmeirense-e-preso-por-emboscada-que-matou-cruzeirense-em-sp-sobe-para-42-total-de-torcedores-reus-pelos-crimes.ghtml

A Inglaterra abordou a questão dos hooligans no futebol através de uma combinação de medidas rigorosas, incluindo reformas nos estádios, maior policiamento e leis mais severas contra a violência. O ponto de virada foi a tragédia de Hillsborough, que impulsionou reformas significativas na segurança e no gerenciamento de estádios. 

Medidas tomadas:

Reformas nos estádios:

A Inglaterra implementou reformas extensas em seus estádios, incluindo a substituição de áreas de pé por assentos, o que ajudou a reduzir a densidade da multidão e a violência. 

Aumento do policiamento:

Houve um aumento significativo na presença policial dentro e ao redor dos estádios, com o objetivo de controlar a multidão e prevenir confrontos. 

Leis mais severas:

Foram introduzidas leis mais severas para punir a violência no futebol, incluindo prisões e proibições de estádios. 

Responsabilidade dos clubes:

Os clubes de futebol foram responsabilizados pela segurança interna em seus estádios, incentivando-os a tomar medidas proativas para prevenir a violência. 

Relatório Taylor:

O Relatório Taylor, publicado após a tragédia de Hillsborough, recomendou várias mudanças na segurança dos estádios e no controle de multidões, que foram amplamente implementadas. 

Resultados:

Essas medidas tiveram um impacto significativo na redução da violência no futebol inglês, embora o problema do hooliganismo não tenha sido completamente erradicado. A Inglaterra conseguiu criar uma atmosfera mais segura e familiar para os torcedores de futebol, permitindo que o esporte florescesse novamente. 

Confira a lei geral do esportehttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14597.htm 

A legislação é o conjunto de leis acerca de determinada matéria. A legislação á ciência das leis que determina o império jurídico em uma determinada sociedade. A legislação e a totalidade das leis em um Estado ou de determinado ramo do direito.

A lei é um preceito emanado de um autoridade soberana. A lei é um preceito dos poderes executivo, legislativo e judiciário no Brasil. A lei é uma ciência que determina as regras e as normas de vida dentro de uma sociedade. A lei é uma relação constante e necessária entre os fenômenos ou entre as causas e os efeitos em uma sociedade. A lei é um preceito e uma norma do direito moral. Isso segundo as informações do meu livro sobre a Constituição Federal do Brasil, do autor Guilherme Pena de Moraes.

Estado de Direito é um situação jurídica ou um sistema institucional, no qual cada um e todos estão submetidos ao império do direito. O Estado de Direito é ligado ao respeito as normas jurídicas e aos direitos fundamentais.

O Estado de Direito é uma instituição jurídica no qual até mesmo os mandatários políticos estão submetido ao império das leis que estarão vigorando no país. Segundo as informações do meu livro sobre a Constituição Federal, do autor Guilherme Pena de Moraes.

 Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Torcedor (as) é aquele (as) que acompanha o clube para qual torce. A intensidade do acompanhamento varia das características individuais de cada um. Contudo, esse acompanhamento tem um patamar mínimo, que é acompanhar a tabela de classificação dos campeonatos, saber quando seu time joga, saber o nome do técnico e de alguns jogadores.

Veja bem leitor (a). Não tenho formação em Direito. Tão pouco tenho formação em Direito Constitucional. Minha única formação acadêmica, á habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FIAAM FAAM).

Contudo, como jornalista, cidadão e torcedor, acho que o Brasil deveria aplicar as leis no seu império jurídico, aonde se vise combater a criminalidade e violência nos estádio de futebol país afora.

Sou torcedor do São Paulo, entretanto, não frequento estádio de futebol em hipótese alguma. Como torcedor do São Paulo, eu comprei dois livros sobre os títulos do meu clube de coração.

Como torcedor do São Paulo, também fiz uma visita agendada ao estádio do clube e sua sala de troféus. Mas, entretanto, somente vou frequentar estádios de futebol quando houver a mínima segurança.

Mas vamos ao x da questão. É no mínimo estranho que esses “torcedores” tenham acesso tão fácil aos centros de treinamento de todos os clubes, pois há de se convir que as torcidas organizadas ganham ingresso dos dirigentes para jogos dentro e fora dos respectivos estádios, então existe um esquema que impede que se tomem providências para a solução desse problema .

Eu me lembro que na Inglaterra, nos anos 80, o futebol tinha um sério problema com os hooligans, que faziam exatamente as mesmas coisas que as nossas torcidas organizadas fazem aqui no Brasil.

Mas lá as autoridades tiveram vontade de acabar de vez com esse problema, e os chamados hooligans começaram a ser processados e presos. Com isso, o futebol inglês passou por uma grande transformação e hoje tem o melhor campeonato do mundo.

Se analisarmos a estrutura, lá na Inglaterra se qualquer cidadão invadir um centro de treinamento, ele irá responder por isso. Já aqui no Brasil, apesar de os jornais mostrarem casos absurdos de mortes nos estádios quase todos os dias, estranhamente nada é feito pelas nossas autoridades para sanar a questão. A pergunta é: por que?

Vejam bem, amigos. Como já postei em outros textos, tenho sido um são-paulino que vem sofrendo muito com os elencos que as últimas diretorias do meu clube de coração tem montado nos últimos anos. Mas eu durante a tarde estou trabalhando. Ou seja: eu não tenho tempo e nem cabeça pra pensar em invadir nenhum centro de treinamento.

A Inglaterra é o maior exemplo de que o problema das organizadas é totalmente solucionável. Basta ter vontade para resolver essa questão, e acabar com a praga da impunidade. Com toda a certeza o dia em que isso acontecer, alguma pessoa que invade centro de treinamento ou agredir alguém no estádio, irá pensar duas vezes antes de cometer o ato, pois ela sabe que irá ser responsabilizada por isso.

Confira os campeões de todos os campeonatos de futebol no Brasil e no mundo. No Site campeões do futebol.   https://www.campeoesdofutebol.com.br/competicoes.html

Confira os canais do site campeões do futebol.https://www.campeoesdofutebol.com.br/canais.html

Imagem ; CNN Brasil. 




 






 



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