terça-feira, 25 de novembro de 2025

Athletico Paranaense.

 



Os clubes de futebol são organizações esportivas formadas por equipes de jogadores que competem em torneios e campeonatos, e são a base da paixão pelo esporte no Brasil e no mundo. 

No Brasil

O Brasil possui uma rica cultura futebolística com centenas de clubes. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem 882 clubes registrados, dos quais 124 têm calendário nacional. 

Principais Clubes: Entre os mais conhecidos e com as maiores torcidas do país estão Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG, Santos, Fluminense e Botafogo.

Competições: Os clubes brasileiros disputam campeonatos estaduais, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro (dividido em Séries A, B, C e D), além de torneios internacionais como a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes.

Títulos Mundiais: Clubes brasileiros que já conquistaram o Mundial de Clubes incluem São Paulo (3 vezes), Santos (2 vezes), Corinthians (2 vezes), Flamengo e Internacional e Grêmio (1 vez cada). 

No Mundo

Existem mais de 300 mil clubes de futebol profissional e amador globalmente. 

Clubes de Destaque: Equipes europeias como Real Madrid, Manchester City, PSG, Chelsea, Bayern de Munique, Liverpool e Barcelona estão entre os clubes mais valiosos e vitoriosos do mundo.

Popularidade: O futebol é o esporte mais popular do planeta, com milhões de torcedores e praticantes em todos os continentes. Clubes brasileiros, como o Flamengo e o Corinthians, também estão entre os que possuem as maiores torcidas do mundo. 

Os clubes de futebol não são apenas times, mas instituições com grande impacto cultural e econômico, movimentando paixões e gerando bilhões em receitas. Segundo especialistas nos veiculos de imprensa no Brasil.

A ascensão econômica do Athletico Paranaense é resultado de uma gestão financeira profissional e da exploração de ativos como a Arena da Baixada e a venda de jogadores. O clube se destaca pela capacidade de gerar superávit e investir na infraestrutura e em atletas. Balanço financeiro e receita: Em 2023, o Athletico teve um superávit de R\(383milhões,comreceitadequaseR\) 900 milhões.Em 2024, o superávit foi menor, de R$ 23,4 milhões, refletindo a queda de receitas após o rebaixamento.Apesar disso, a Fundação Athletico Paranaense (FUNCAP) registrou um superávit de R$ 575 mil em 2024, com o patrimônio praticamente dobrando. Principais pilares da ascensão: Gestão profissional: O clube tem um histórico de boa gestão, que se concentra em receitas sustentáveis e busca por investimentos.Venda de jogadores: A venda de atletas é uma importante fonte de receita. Entre 2014 e 2024, o clube teve um saldo de R$ 1,2 bilhão em transferências.Infraestrutura: A Arena da Baixada, de propriedade do clube, gera receita e é um ativo valioso. O Athletico chegou a negociar os naming rights por R$ 200 milhões, embora o acordo tenha tido um impasse em 2025.Preparo para a SAF: O clube já demonstrou interesse em se tornar uma SAF para captar mais investimentos e seguir crescendo. Desafios recentes: O rebaixamento para a Série B em 2024 impactou as receitas do clube, que viu seu superávit diminuir.O impasse com a empresa de naming rights da Arena também representou um revés financeiro em 2025.Apesar desses desafios, a gestão conseguiu reequilibrar as contas e obter o acesso de volta à Série A em 2025. Segundo especialistas nos veiculos de imprensa no Brasil.

Confira os Títulos do Athletico Paranaense                       .https://www.campeoesdofutebol.com.br/titulos_atleticopr.html


O conservadorismo é um espectro de pensamento político heterogêneo que defende a manutenção de instituições sociais tradicionais, como a família, a religião e os costumes, valorizando a continuidade e rejeitando mudanças sociais bruscas. Ele não é uma ideologia monolítica e manifesta-se em diferentes tipos ou correntes, que variam em suas ênfases e prioridades. 

Tipos e Correntes do Conservadorismo

As principais variações do conservadorismo incluem:

Conservadorismo Tradicionalista: Esta vertente enfatiza a preservação da tradição viva, da ordem social e das hierarquias, preferindo a razão prática (baseada na experiência de gerações) em vez da razão teórica ou abstrações políticas. Valoriza costumes, convenções e a continuidade histórica.

Conservadorismo Social: Concentra-se primariamente em pautas morais e culturais. Defende os valores familiares tradicionais, as estruturas de gênero convencionais e as tradições religiosas, opondo-se a mudanças em áreas como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a eutanásia.

Conservadorismo Fiscal/Econômico: Frequentemente associado ao liberalismo econômico (ou neoliberalismo em alguns contextos), este tipo defende a intervenção estatal mínima na economia, o livre mercado, a redução de impostos e a rejeição ao estado de bem-estar social. Acredita na eficiência do mercado e na meritocracia.

Nacional-Conservadorismo: Esta corrente valoriza fortemente a soberania nacional, a identidade e as características culturais do país, manifestando-se frequentemente em políticas antiglobalização e, por vezes, em oposição à imigração descontrolada. Enfatiza o patriotismo e a restauração de valores e padrões nacionais.

Neoconservadorismo: Originado nos Estados Unidos, esta vertente combina elementos de conservadorismo social e nacional com uma política externa mais intervencionista e assertiva, visando promover a democracia e os valores ocidentais globalmente. 

Princípios Gerais

Apesar das diferenças, a maioria das correntes conservadoras compartilha alguns princípios fundamentais: 

Crença em uma ordem moral duradoura ou lei natural.

Apreço pelo costume, convenção e continuidade.

Prudência política e ceticismo em relação a utopias e mudanças radicais, preferindo reformas graduais.

Valorização das instituições sociais tradicionais como pilares da sociedade, especialmente a família e a religião. 

O conservadorismo não é estático; ele se adapta aos contextos culturais e históricos de cada sociedade, resultando nas diversas manifestações observadas em diferentes partes do mundo, como no Brasil, onde possui características próprias ligadas à herança luso-ibérica e à tradição cristã.  Segundo a Jornalista. Mestre e Doutora Fabíola Paes de Almeidsa Tarapanoff, no Sétimo Período da Habilitação em Jornalismo na Comunicação Social, pelas Faculdades Integradas Alcantara Machado (FIAAM FAAM).

Confira a dissetarção da autora Jéssica da Silva Duarte * 

O QUE É O 

CONSERVADORISMO?  

DO CONCEITO À 

MENSURAÇÃO 

WHAT IS CONSERVATISM? FROM 

CONCEPT TO MEASUREMENT 

Jéssica da Silva Duarte * 

* Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 

Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, Recife, Pernambuco, Brasil. 

E-mail: jessica.sduarte@ufpe.br 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

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RESUMO 

A história política, social e econômica do Ocidente é periodicamente marcada por crises e 

mudanças. Concomitante a esse processo, identificamos também o protagonismo das 

chamadas “ondas conservadoras”. A despeito de ser um fenômeno recorrente desde o século 

XVIII, o desenvolvimento teórico e empírico sobre o tema dentro das Ciências Sociais, e 

especialmente a Ciência Política, segue tendo lacunas relevantes. Desse modo, este artigo tem 

como objetivo principal contribuir para esse tema de pesquisa. Nosso fio condutor parte da 

análise teórica do fenômeno – a partir de uma revisão bibliográfica crítica e aprofundada – 

seguida do desenvolvimento de ferramentas que contribuem para a tentativa de aplicar esse 

conhecimento à realidade atual. A instrumentalização foi feita a partir do banco de dados do 

World Values Survey (WVS) e aplicada para dois casos emblemáticos: Brasil e Estados Unidos. 

Palavras-chave: Conservadorismo; Crise; Metodologia; Brasil; Estados Unidos.  

ABSTRACT 

The political, social, and economic history of the West is periodically determined by crises and 

changes. At the same time, we also identified the advance of “conservative waves”. Despite it being 

a recurrent phenomenon since the 18th century, the theoretical and empirical development on the 

subject within the Social Sciences, and especially within Political Science, continues to have relevant 

gaps. Hence, this article’s main objective is to contribute to this research topic. Our path starts from 

the theoretical analysis of the phenomenon – from a critical and in-depth bibliographic review – 

followed by the development of tools which contribute to the application of this knowledge to the 

current reality. In the empirical application, we use the World Values Survey (WVS) database applied 

to two emblematic cases: Brazil and the United States. 

Keywords: Conservatism; Crisis; Methodology; Brazil; United States. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

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INTRODUÇÃO  

O início do século XXI pode ser definido política e socialmente como um período 

profundamente marcado por transformações, crises e conflitos. Com efeito, 

momentos conturbados e de transformações acontecem em todos os séculos desde 

que temos registros. Em geral, esses mesmos contextos são caracterizados por um 

crescente protagonismo dos princípios conservadores nos debates sociais e disputas 

políticas ao redor do mundo. Portanto, o avanço do conservadorismo, ou a chamada 

“onda conservadora”, em conjunturas instáveis não é um fenômeno absolutamente 

novo em si. Contudo, o estudo desse fenômeno ainda possui longo espaço para 

desenvolvimento e preenchimento de lacunas. 

No Ocidente, periodicamente movimentos conservadores ganham destaque dentro 

das dinâmicas política, econômica e social. É possível definir ao menos quatro 

momentos na história contemporânea em que o conservadorismo foi um elemento 

político e social muito relevante: 1) Revolução Francesa; 2) lutas e conquistas políticas 

e sociais pelo sufrágio universal; 3) transformações sociais e econômicas impostas 

pelas políticas de bem-estar social; 4) emergência, na segunda metade do século XX, 

de modelos políticos, econômicos e morais alternativos ao status quo (HIRSCHMAN, 

1992; VIDAL, 2013). Com efeito, é justamente a recorrência, a relativa repetição desse 

panorama, que faz com que seja importante para as Ciências Sociais compreender a 

gênese, as peculiaridades e o papel desse fenômeno.  

No entanto, para que essa discussão possa ser realizada e traga avanços teóricos ou 

aplicados, é condição inicial que se tenha clareza do que se define por 

conservadorismo. Existem esforços teóricos na direção de retratar o pensamento 

conservador ou os principais componentes simbólicos e estruturais presentes nos 

argumentos dos autores de maior referência no conservadorismo (HUNTINGTON, 

1957; HIRSCHMAN, 1992; KIRK, 1953). Contudo, essa ainda não é uma discussão 

robusta teoricamente e carece de um potencial aplicado à realidade, isto é, de 

capacidade empírica.  

Conforme veremos na discussão crítica da bibliografia, a literatura disponível sobre o 

tema é composta, principalmente, pelos próprios autores conservadores e por 

autores que buscam descrever e classificar o ideário conservador de forma mais 

abstrata e normativa do que analítica. Portanto, o desenvolvimento de um estudo 

acerca das dimensões que o compõem contribuirá para investigações futuras mais 

complexas, aprofundadas, atemporais e de maior potencial comparativo. Esperamos 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

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que, ao final deste texto, possamos oferecer novas ferramentas para analisar o 

fenômeno de forma aplicada, mas também transcendendo conjunturas específicas ou 

particulares de cada momento histórico e político. 

Para tanto, este estudo exploratório propõe mapear os componentes do fenômeno a 

partir da revisão profunda e crítica da bibliografia, bem como busca oferecer formas 

mais didáticas de definir e classificar o conceito. A seguir, iremos propor um caminho 

inicial para instrumentalizar e mensurar o conservadorismo a partir de pesquisa tipo 

survey considerando a Pesquisa Mundial de Valores1 e a aplicação para dois casos 

emblemáticos na conjuntura atual: Brasil e Estados Unidos.  

Iniciamos descrevendo mais detalhadamente os momentos históricos nos quais o 

conservadorismo se destacou enquanto ator social e político no mundo ocidental, 

identificando os padrões sociais e políticos em que crises e transformações tiveram o 

conservadorismo como um ator reativo importante. Na sequência, apresentamos a 

revisão crítica da bibliografia e nossas construções teóricas sobre conservadorismo. 

Em seguida, iremos oferecer uma instrumentalização empírica do conceito a partir 

da decupagem do banco de dados da Pesquisa Mundial de Valores. Dando 

continuidade, apresentamos os dois casos – Brasil e Estados Unidos – para os quais 

foram feitas análises fatoriais das variáveis a fim de testar a coesão e adequação do 

modelo proposto. Para finalizar, temos na conclusão o resumo de todo o 

conhecimento acumulado nas etapas do estudo.  

Em resumo, esta pesquisa tem como fio condutor uma estrutura lógica que parte da 

análise explicativa teórica do fenômeno seguida de ferramentas que contribuem para 

a tentativa de aplicar esse conhecimento à realidade prática e atual.  

O CONSERVADORISMO ENQUANTO FENÔMENO POLÍTICO E SOCIAL 

É conveniente iniciarmos considerando as contribuições de Hirschman (1992) na 

identificação de três momentos históricos de mudanças nos quais o conservadorismo 

teve destaque. O primeiro foi o movimento que se opôs às demandas crescentes por 

direitos civis, políticos e sociais e à Revolução Francesa, identificando-as como maior 

ameaça à suposta ordem natural dentro deste cenário. Esse movimento deu espaço 

aos mais diversos argumentos conservadores. Dentre eles: o temor das consequências 

de possíveis rupturas, a negação da oposição à religiosidade que o iluminismo 

1World Values Survey (WVS). 

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propunha, os prejuízos não mensuráveis que as mudanças em questão poderiam 

trazer e o desgaste desnecessário que gerariam – uma vez que o que vinha sendo 

proposto já estaria em curso de maneira ordenada e gradual (TOCQUEVILLE, 1982; 

BURKE, 1982).  

A segunda manifestação do conservadorismo decorreu das mudanças políticas em 

direção ao sufrágio universal. Nesse caso, devido ao caráter menos radical e imediato 

das medidas e dos avanços em direção à mudança, a contrapartida conservadora 

também foi menos combativa e contundente, manifestando-se, fundamentalmente, 

a partir de correntes da filosofia, psicologia e política que visavam evidenciar o 

caráter perverso de delegar às massas o papel de participar das grandes decisões 

políticas – sob o argumento de que as mesmas são desprovidas de atributos racionais 

e psicológicos e afeitas a adotar medidas extremas (LE BON, 2005; MOSCA, 1982).  

A terceira reação conservadora apontada por Hirschman (1992) diz respeito às 

transformações sociais e econômicas propostas pelas políticas de bem-estar social 

(Welfare State). Nesse momento, o conservadorismo visou expor possíveis 

fragilidades e consequências negativas do processo sobre o equilíbrio natural do 

campo econômico – uma vez que propunha uma distribuição não espontânea da 

renda – e liberdade individual no campo político, visto que, segundo o pensamento 

conservador, a ampliação do Estado exigida por esse tipo de ação política prejudicaria 

a liberdade (HAYEK, 1960).  

É possível identificar, na segunda metade do século XX, movimentos conservadores 

em reação a modelos alternativos políticos e econômicos que emergiam. Na década 

de 1950, a ascensão dos movimentos comunista, pelo aspecto político, e socialista, na 

economia, personificados pela URSS, criou um alvo a ser combatido pelo 

conservadorismo em prol da defesa dos valores tradicionais capitalistas e liberais 

(VIDAL, 2013).  

Na década de 1960, o conflito no qual o movimento conservador se inseriu girou em 

torno das transformações propostas à época em termos do comportamento e da 

moral dos indivíduos, destacando temas como aborto, homossexualidade e 

imigração. De modo geral, os conservadores interpretaram esses movimentos como 

uma ameaça à comunidade, à integração social e a valores básicos, como a crença em 

Deus e a valorização da família (VIDAL, 2013).  

Seguindo a linha do tempo, observa-se que o século XXI também tem sido marcado 

por esse fenômeno (BURITY, 2020). Temos crises de representação, crises 

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econômicas, crises sanitárias e crises de direitos humanos que têm causado 

importantes impactos políticos, econômicos e sociais. Nessa conjuntura, destacamos 

fatos como: a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, sob o lema de “fazer a 

América grande novamente”; a eleição de Jair Bolsonaro, no Brasil, a partir de um 

discurso nacionalista, religioso e nostálgico.  

Além desses exemplos, tem-se movimentos que buscam limitar o que chamam de 

intervenção e doutrinação do Estado sobre temas que consideram inadequados à 

educação moral praticada pelas famílias. Tais reivindicações ganharam espaço no 

Brasil, Peru, Equador, Chile, Argentina, Paraguai e Alemanha. Outrossim, no 

continente europeu, ocorreram fatos políticos associados ao conteúdo conservador, 

como o Brexit e o crescimento de movimentos e de partidos nacionalistas e 

conservadores com forte impacto político na crise migratória, sendo outro fato 

marcante a vitória expressiva da francesa Marine Le Pen pela Frente Nacional no 

Parlamento Europeu.  

Olhando especificamente para esse cenário, Norris e Inglehart (2018) propõem uma 

teoria geral que explicaria o avanço de forças populistas, autoritárias e conservadoras 

no Ocidente a partir da análise dos casos do Brexit no Reino Unido e da eleição de 

Trump nos Estados Unidos. Para definir o fenômeno, autores criaram o conceito de 

backlash cultural, algo como um retrocesso cultural, que estaria fundamentado em 

três aspectos principais.  

O primeiro seria a oposição entre gerações: por um lado as gerações entre guerras e 

Baby Boomer, e, por outro, as gerações X e Millennials; neste contexto os primeiros 

estariam reagindo às mudanças de valores, especialmente diante das lutas de 

minorias e por diversidade. O segundo fator seria a possibilidade oferecida aos 

indivíduos conservadores de votar em líderes autoritários e populistas por meio dos 

mecanismos institucionais democráticos. Por fim, o surgimento de grupos e 

movimentos políticos conservadores, autoritários ou populistas teria influenciado a 

agenda política, e, em consequência, estaria em curso uma transformação lenta na 

cultura cívica das sociedades desenvolvidas em direção a um posicionamento mais 

congruente com essas ideologias. 

De um modo geral, com base nos pressupostos teóricos estudados e nos padrões 

observados na realidade a partir da contextualização, compreendemos que 

transformações políticas, sociais ou econômicas podem levar à percepção de 

instabilidade, incerteza, medo e insegurança. Em um efeito sequente, essas sensações 

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tendem a gerar o aumento da manifestação do conservadorismo na mesma medida 

de sua presença na cultura política latente dos indivíduos. 

A NARRATIVA CONSERVADORA 

Iremos dividir a revisão do conceito de conservadorismo em duas formas principais 

de abordagem, a fim de deixá-la mais didática para qualquer tipo de leitura: a 

primeira, mais focada em explicitar o que é o conservadorismo enquanto fenômeno 

político e social a partir dos próprios autores conservadores, e uma segunda que busca 

trazer alguns elementos analíticos para descrever em níveis teóricos e 

argumentativos o pensamento conservador. 

OS PENSADORES CONSERVADORES 

Algumas ideias e concepções adotadas no pensamento conservador já existiam antes 

mesmo de o termo existir. Com efeito, a base epistemológica conservadora já estava 

presente na filosofia grega (PLATÃO, 2017; BARKER, 1959; HANS-GEORG, 2009; 

ARISTÓTELES, 1997; BLOOM, 1991). Podemos citar como exemplo a presença de um 

ordenamento divino capaz de compreender e definir pontos da realidade que a 

humanidade não acessa. Além disso, é possível identificar a associação entre 

moralidade, ética e política, e ainda a visão organicista e coletivista da sociedade, em 

especial voltada ao bem comum.  

Partindo para o período em que o conservadorismo já existia como uma categoria 

política e teórica, começamos por Steiner (1988) e sua compreensão mais direcionada 

às origens dos fundamentos e princípios morais que envolvem a visão conservadora. 

Esse autor destaca a perspectiva de que o homem é naturalmente falho e todas as suas 

ações para mudar a natureza das coisas está fadada ao fracasso, não havendo a 

possibilidade de uma justiça ou estabelecimento de uma ordem perfeita a partir da 

humanidade.  

Justifica-se, para o conservadorismo, a importância das instituições já estabelecidas 

ao longo do tempo enquanto símbolo do que é genuíno e dotado de legítima 

autoridade (STEINER, 1988). As tradições são formas de conhecimento proveniente 

das tentativas e erros anteriores. Essas respostas são implícitas, incorporadas e 

compartilhadas na sociedade, por isso devem ser preservadas e reproduzidas mesmo 

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quando não se é mais possível explicá-las ou justificá-las pela passagem do tempo 

(SCRUTON, 2015). 

A este respeito, Ortega y Gasset (1982) afirmam que é impossível iniciar o que já foi 

construído e sedimentado. Esse passado seria o verdadeiro tesouro e maior fonte de 

sabedoria para o homem, pois permite que os erros sejam evitados. Na concepção do 

autor, provocar rupturas para reescrever a história é como dar passos atrás na 

evolução humana. Nessa mesma lógica, Roger Scruton (2015, p. 8) afirma que “[...] 

herdamos coletivamente coisas admiráveis que devemos nos empenhar para 

preservar”. 

Quando aplicado à ação política e social, o conservadorismo pode ser entendido como 

um movimento que se preocupa em entender o mundo a partir de princípios morais 

e, ainda, em agir de modo a preservá-lo ou reestruturá-lo em sua forma ordenada e 

natural (NASH, 1976).  

Entre os conservadores é predominante a ideia de que o conservadorismo jamais deve 

ser compreendido como um credo ou uma doutrina, apesar de possuir um corpo 

identificável de princípios e normativas (OAKESHOTT, 1991). Nessa lógica, o ser 

conservador é composto de disposições tidas como naturais em se contentar com o 

que existe no presente e recusar opções futuras incertas, mobilizando-se em torno 

dos sentimentos de perda e medo (OAKESHOTT, 1991).  

Desse modo, o governo ideal seria moderado e não abriria margem para paixões. 

Notadamente, nos escritos de Burke (2012, 1982) acerca dos modos de representação 

(mais especificamente sobre o parlamento inglês), e de sua crítica à Revolução 

Francesa, destacam-se ideias substanciais do conservadorismo, tais como: direito 

natural; sociedade dotada de uma estrutura orgânica mantida por um contrato 

baseado na tradição – que tem por função organizá-la; e crença em um 

condicionamento natural dos fenômenos e processos sociais que ocorrem 

gradualmente. 

CONTRIBUIÇÕES ANALÍTICAS SOBRE O PENSAMENTO CONSERVADOR 

Seguindo a discussão sobre o conceito de conservadorismo, consideramos nesta 

seção os autores que buscaram fazer uma sistematização dos elementos constituintes 

do pensamento e argumento conservador, e destacamos Scruton (2015), Kirk (1953), 

Huntington (1957), Hirschman (1992) e Bobbio, Matteucci e Pasquino (1998). A 

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Duarte – O que é o conservadorismo?... | 118 

escolha de Scruton (2015) e Kirk (1953) como primeiros teóricos deste segmento da 

revisão se baseia no fato de esses autores serem referência dentro do próprio 

conservadorismo e trazer diretamente em sua análise boa parte da retórica 

conservadora. Com isso, estabelecemos uma espécie de elo entre os dois principais 

eixos que organizam a seção.  

Conforme sugere Scruton (2015), o conservadorismo pode ser dividido em duas 

vertentes principais: metafísico e empírico. O primeiro está relacionado à crença e à 

valorização dos aspectos tradicionais da sociedade e à necessidade de defendê-los. O 

conservadorismo empírico é um fenômeno moderno resultante das reações 

desencadeadas por movimentos de mudanças, como o Iluminismo. 

Detalhando mais o cerne do pensamento conservador, temos como ponto inicial 

marcante a crença conservadora em uma ordem transcendental que se reflete na 

concepção de que os problemas políticos são problemas morais e religiosos. 

Outrossim, liberdade e propriedade são identificadas como lados de uma mesma 

moeda; consequentemente, é rejeitada a ideia de igualitarismo. Dessa forma, afirma

se que é importante a manutenção da divisão natural da ordem de classes enquanto 

uma expressão saudável do princípio da diversidade social (KIRK, 1953).  

Reforçando esse aspecto, Scruton (1980) argumenta que em grandes sociedades 

somos interdependentes e estamos interligados inevitavelmente uns aos outros por 

uma série de fatores (nacionalidade, lei, cidadania, vizinhança), e, por isso, é 

imprescindível para coordenação e equilíbrio que haja uma estrutura ordenada e 

disciplinada centrada na tradição. 

Por fim, transformações devem ser vistas de forma desconfiada e cautelosa, 

especialmente quando essas partem de abstrações, resultando em uma preferência 

por reformas que sejam realmente salutares e que se deem de forma gradual. Sendo 

assim, entre as principais virtudes de um estadista está a paciência (KIRK, 1953). 

Kirk (1953) destaca a capacidade do conservadorismo em adaptar seu discurso frente 

aos diferentes fenômenos de transformação. Contudo, o autor desenvolve uma lista 

de princípios essenciais do pensamento conservador que se apresentam em qualquer 

circunstância: 1) a crença de que intenções divinas governam a sociedade e a 

consciência; 2) afeição pela estrutura social e modo de vida hierárquicos e 

tradicionais; 3) convicção de que as sociedades civilizadas requerem ordem e divisão 

em classes; 4) propriedade e liberdade como objetos inseparáveis; 5) fé na 

desconfiança e prescrição em relação à racionalidade de desenvolvimento do 

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pensamento e do conhecimento humano; e 6) reconhecimento de mudança e reforma 

como coisas diferentes, sendo a inovação muito mais um instrumento de deflagração 

de rupturas do que de avanços.  

Diretamente relacionado ao quarto ponto indicado por Kirk (1953) como constituinte 

do pensamento conservador, o conservadorismo liberal diz respeito à combinação da 

defesa reformadora de instituições e de valores morais tradicionais com a promoção 

e manutenção do livre mercado. Isto é, a soma do tradicionalismo com o liberalismo 

econômico.  

Na medida em que conservadorismo social e liberalismo econômico vão entrando em 

simbiose, vai se consolidando e ganhando espaço o ideário defendido por liberais 

conservadores, como denominou Carvalho (1991) ao descrever que: “Os liberais 

conservadores eram exatamente isso, liberais conservadores. Seu conservadorismo 

não eliminava o liberalismo. Seu modelo de sociedade, ou sua utopia política, 

continuava sendo a sociedade liberal e a política liberal” (CARVALHO, 1991, p. 81-99). 

É importante pontuar que conservadorismo está associado ao pensamento liberal 

desde sua concepção, por assim dizer, uma vez que muitos de seus principais 

fundadores são reconhecidos por seguidores dos dois ideários e suas obras atribuídas 

a ambos os espectros, tais como o Hayek, David Hume, Alexis Tocqueville e Edmund 

Burke.  

A partir do estudo das ideias de autores conservadores, Ricupero (2010) reforça a ideia 

de que o conservadorismo dá grande importância à história. O seu argumento se 

baseia na ideia de que, diferentemente do progressismo – que vê o presente como 

início do futuro, o conservadorismo o entende como o estágio mais avançado 

alcançado pelo passado. Desse modo, conforme o autor, na concepção conservadora 

do tempo e do espaço, o passado coexiste com o presente.  

Mais afinado com o esforço de definição sistemática do conservadorismo aplicado 

nesse estudo, Huntington (1957) o determina como sendo um sistema de ideias que 

se mobiliza pela distribuição de valores sociais e políticos compartilhados por 

determinados grupos. A partir dessa ideia, o autor define três teorias sobre as origens 

do conservadorismo: 1) aristocrática – relacionado à terra, ao feudalismo e a 

estruturas mais tradicionais; 2) autônoma – na qual não se está à priori filiado a 

interesses de classe ou variáveis históricas; e 3) situacional – relacionada à defesa, 

em determinadas circunstâncias, da ordem social vigente e suas instituições, sendo 

esta última a concepção na qual se enquadra este estudo.  

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Duarte – O que é o conservadorismo?... | 120 

A despeito dessas possíveis interpretações, elenca-se um conjunto de princípios 

básicos do pensamento conservador. Primeiramente, a religiosidade, dado que o 

homem seria por natureza um animal religioso, e, com isso, a religião é a base da 

sociedade civil. A partir disso, a sociedade se mantém enquanto um produto natural e 

orgânico do desenvolvimento gradual ao longo de sua trajetória. Aponta-se, ainda, 

que a adoção de prudência e cautela são fundamentais, uma vez que a ação humana é 

orientada, fundamentalmente, por emoções e instintos. A lógica da comunidade deve 

sempre se sobrepor ao indivíduo, e, dentro desse contexto, os homens são 

naturalmente desiguais. Além disso, as estruturas tradicionais e naturais devem 

sempre ser preferíveis a qualquer modelo político novo (HUNTINGTON, 1957). 

Outra forma de abordar o conservadorismo é a partir da observação e sistematização 

da forma e conteúdo de seus argumentos. Nesse intento, Hirschman (1992) propôs 

uma análise imparcial do discurso, deixando de lado as questões de personalidade e 

dando destaque aos imperativos da argumentação. De um modo geral, o autor tem 

como objetivo demonstrar que o pensamento conservador recorre sempre a uma 

mesma estrutura de argumentação. Nesse esforço, são desenvolvidas três dimensões 

fundamentais do discurso conservador: perversidade, futilidade e ameaça. A tese da 

perversidade afirma que ações propositais com vistas a melhorar aspectos políticos, 

sociais e econômicos podem acabar tendo efeito oposto e exacerbando a condição 

inicial.  

A tese da futilidade, por sua vez, explora a ideia de que as tentativas de transformação 

são infrutíferas. Nesse ponto, observa-se claramente a lógica da impossibilidade de 

se alterar de fato a ordem natural das sociedades orgânicas.  

A última tese identificada por Hirschman (1992) é a da ameaça, na qual está presente 

a crença de que o custo da mudança é muito alto em relação aos seus possíveis 

benefícios. Igualmente, a implementação de mudanças por melhorias colocaria em 

risco uma série de ganhos anteriores que estruturam e mantêm a sociedade em 

ordem. Nesse ponto, evidencia-se a prerrogativa conservadora da cautela e 

parcimônia mediante propostas de alteração nas instituições e valores arraigados da 

sociedade.  

Seguindo a lógica de estudar o discurso conservador, Bobbio, Matteucci e Pasquino 

(1998) propõe uma abordagem que dê ênfase ao conteúdo do conservadorismo e não 

somente à sua função. O autor também evidencia o caráter situacional e reativo do 

conservadorismo ao argumentar que só é possível compreendê-lo com base na 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

121 | DOSSIÊ  

história, uma vez que ele surgiria enquanto um posicionamento conjuntural 

alternativo ao progressismo e sua natureza dinâmica.  

Contudo, o autor destaca que o conservadorismo não rejeita totalmente a ideia de 

constante desenvolvimento da humanidade, mas o compreende como derivação de 

um progresso evolutivo natural a partir da acumulação de experiências e da 

valorização destas em relação a possibilidades futuras desconhecidas e incertas 

(BOBBIO, MATTEUCCI e PASQUINO, 1998). O avanço seria produto de um processo 

que se contrapõe à lógica da autonomia do homem em construir melhorias a partir de 

suas próprias capacidades. 

Identificando os mesmos padrões dialéticos entre os pensamentos conservador e 

progressista, Kirk (1953) elenca cinco escolas principais que buscam se contrapor às 

ideias conservadoras: o racionalismo filosófico, a chamada emancipação romântica 

dos utilitaristas, o positivismo, o coletivismo materialista e o darwinismo. 

Com base na análise da bibliografia revisitada nesta seção, é possível identificar 

alguns eixos temáticos ou focais do conservadorismo que podem ou não ser 

concomitantes e estar inter-relacionados. São eles: nostálgico, moral, político e 

econômico.  

Com vistas a facilitar a compreensão dessa discussão mais abstrata, no Quadro 1 

temos a sistematização do pensamento conservador a partir de seus principais temas. 

Além disso, são resumidas a ideia central que define o segmento conservador e as 

possíveis formas de expressão desses princípios em termos argumentativos e 

comportamentais.  

Tipo de foco 

Quadro 1. Resumo dos eixos focais do conservadorismo 

Ideia central 

Nostálgico 

Nostalgia romântica em relação ao passado. 

Expressão 

Revisionismo do presente com 

base no passado, com vistas a 

corrigir os erros. 

Moral 

Defesa de crenças e valores tradicionais sobre o 

comportamento, atitudes e conduta. 

Resistência a mudanças nos 

papéis sociais e nas relações 

humanas. 

Político 

Manutenção da ordem e da estabilidade a partir 

da preservação das instituições políticas. 

Defesa da hierarquia e rejeição 

da possibilidade de rupturas e 

revoluções.  

Econômico 

Proteção dos mecanismos da economia 

entendidos como naturais e autorregulatórios. 

Não há dissociação de 

propriedade e liberdade e 

rejeição à igualdade. 

Fonte: Elaboração própria. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 122 

A partir deste ponto, é importante fazer dois comentários. O primeiro diz respeito à 

relação do pensamento conservador, em especial em seu conteúdo nostálgico ou 

romântico, com o termo reação. Uma vez que o conservadorismo ganha espaço 

preponderantemente a partir de cenários de transformação e enquanto uma oposição 

a eles, é quase que automático que se pense as expressões do conservadorismo como 

ações reativas a algo.  

Consequentemente, reacionarismo e conservadorismo são posicionamentos e 

pensamentos que podem estar relacionados em alguns contextos. Contudo, é 

importante salientar que, de modo mais amplo, eles possuem uma diferença bem 

marcante: o primeiro visa, fundamentalmente, à retomada de modelos passados, 

enquanto o segundo empreende uma defesa dos modelos próximos dos atuais e 

enxerga a mudança como algo mais voltado para reformas lentas, graduais e naturais. 

Com base nessa diferenciação, chegamos à segunda observação importante acerca do 

pensamento conservador: ele não é uma negação total a qualquer mudança, mas as 

vê com desconfiança e parcimônia, rejeitando modos mais diretos pelos quais tal 

mudança possa ocorrer, como grandes transformações e rupturas. O 

conservadorismo parte do postulado de que há uma ordem natural, evolutiva e 

adaptativa da sociedade, cuja dinâmica e processos não dependem e, 

preferencialmente, não devem partir do homem, devido às suas limitações. Logo, 

sociedades conservadoras comportam mudanças, porém tendem a apresentar 

resistência a medidas mais abruptas, especialmente se elas envolvem questões ou 

instituições tradicionais reconhecidas como basilares.   

Como um desdobramento dos pontos supracitados, sugere-se o questionamento da 

natureza da aversão à mudança que caracteriza o pensamento conservador. 

Conforme definido pela literatura (BOBBIO, MATTEUCCI e PASQUINO, 1998; 

HUNTINGTON, 1957; ROBIN, 2011) e em conformidade com a concepção adotada 

neste artigo, não é qualquer reação a alterações políticas, econômicas e sociais que 

pode ser definida como uma expressão do conservadorismo. Entende-se por 

manifestação do conservadorismo os argumentos e ações que se oponham a 

modificações nas dimensões culturais, políticas, sociais ou econômicas tradicionais. 

Para tanto, são mobilizados valores e crenças específicos: relacionados a 

pressupostos religiosos, tradicionais, hierárquicos/relativos à ordem, nacionalistas, 

comunitários, de ceticismo em relação a melhorias e à capacidade humana autônoma 

de empreendê-las.  

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

123 | DOSSIÊ  

 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

A partir do aprofundamento bibliográfico sobre o conservadorismo, cabe sintetizar e 

relacionar esse eixo teórico antes de partir para a discussão do conceito assumido 

neste estudo. No Quadro 2, os autores e princípios estão organizados em função de 

sua abordagem. Isto é, em relação ao propósito principal dos pensamentos e 

argumentos conservadores – se direcionados a definir a organização social, definir 

normas morais ou determinar o funcionamento da sociedade.  

Quadro 2. Pensamento conservador e autores 

Abordagem Teóricos 

conservadores 

Estudiosos do 

conservadorismo 

Pensamento 

 

Conservadorismo 

social 

Russell Kirk 

Gilberto Freyre 

Oliveira Vianna 

Miguel A. Caro 

Manuel Garcés 

Samuel 

Huntington 

George Steiner 

Russell Kirk 

Há uma ordem divina que rege a 

sociedade. 

A sociedade é um fenômeno 

orgânico. 

Apelo ao senso de comunidade. 

 

 

Conservadorismo 

filosófico/moral 

George Steiner  

Russell Kirk  

George Nash  

Roger Scruton 

Samuel 

Huntington  

Russell Kirk  

Roger Scruton 

Os homens são naturalmente 

falhos. 

A religiosidade e a fé são 

fundamentos mais confiáveis do 

que a racionalidade humana. 

O homem é governado pelas 

emoções e não pela razão. 

Russell Kirk  

George Nash  

Russell Kirk  

 

Todos os problemas humanos são 

problemas morais. 

O Estado está submetido a um 

ordenamento moral divino 

transcendental. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conservadorismo 

operacional 

 

 

 

 

 

  

Alexis 

Tocqueville  

Edmund Burke  

George Steiner  

Gustave Le Bon  

George Nash 

Russell Kirk  

Ortega y Gasset 

Roger Scruton 

Samuel 

Huntington  

Russell Kirk  

Roger Scruton 

O verdadeiro progresso é um 

processo natural e gradual. 

Deve-se proteger as estruturas 

vigentes em relação às 

possibilidades incertas para 

aproveitar o presente e garantir o 

futuro. 

Friedrich Hayek  

Russell Kirk 

Samuel 

Huntington 

Russell Kirk 

Há um direito natural que está 

acima das necessidades ou 

preferências individuais – 

especialmente o direito à 

propriedade privada. 

Propriedade privada e liberdade 

são indissociáveis. 

 

  

Samuel 

Huntington  

Russell Kirk 

Roger Scruton 

Samuel 

Huntington  

Russell Kirk 

Roger Scruton 

As decisões devem ser orientadas à 

tradição e à manutenção das 

hierarquias, da ordem e das 

instituições. 

A diferenciação social em classes e 

hierarquia deve ser mantida em 

prol do bom funcionamento 

natural da sociedade e da ordem. 

Michael 

Oakeshot  

Karl Mannheim 

Samuel 

Huntington  

 

Valorização do interno (nacional) 

em relação ao externo 

(estrangeiro/ desconhecido). 

Fonte: Elaboração própria. 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 124 

O QUE É O CONSERVADORISMO 

A partir de toda a discussão e reflexão feita no artigo, propõe-se definir o 

conservadorismo como um conjunto de pressupostos que orientam os indivíduos à 

preferência de tudo o que for tradicional e conhecido em detrimento da inovação ou 

transformações. Desse modo, os princípios conservadores estão diretamente 

atrelados a alguns pressupostos básicos: medo ou receio do novo/desconhecido, 

desconfiança em relação à mudança e à ação puramente humana, apreço por normas 

morais, hierarquias, instituições e comportamentos tradicionais. Disso deriva um 

consequente apelo à preservação das estruturas da sociedade e preferência por 

reformas lentas e graduais. Desse modo, o nível de conservadorismo de uma 

sociedade ao longo do tempo se expressa através da forma pela qual essas crenças 

estão incluídas e enraizadas nos valores e nos princípios morais e na intensidade com 

que balizam as percepções, as atitudes e o comportamento dos indivíduos. 

Deste modo, cabe anunciar as crenças sedimentadas pelos princípios conservadores: 

1) existe uma lógica divina superior que regula os seres humanos e as normas sociais; 

2) os homens são naturalmente falhos (pessimismo antropológico); 3) o progresso é 

um processo natural, gradual e condicionado naturalmente; 4) a sociedade é um 

fenômeno orgânico; 5) são fundamentais a tradição e a manutenção das hierarquias, 

da ordem e das instituições; 6) são direitos naturais a propriedade privada e a 

liberdade; 7) há um ordenamento moral divino transcendental que determina as leis; 

8) o que é desconhecido é uma ameaça. 

Dessas crenças, derivam valores conservadores; são eles: 1) a  religião e as explicações 

baseadas na fé devem se sobrepor ao conhecimento e à vontade humanos; 2) o ser 

humano é preponderantemente emocional e por isso suas concepções não devem ser 

tomadas como verdade; 3) os rumos da sociedade não devem estar submetidos à 

decisão humana; 4)  mudanças só devem acontecer a partir de processos naturais e 

sem rupturas; 5) apelo ao senso de comunidade, aos papéis sociais e ao direito natural 

acima das necessidades ou preferências individuais – especialmente o direito à 

propriedade privada; 6) valorização da diferenciação social em classes e hierarquia 

em prol do bom funcionamento natural da sociedade e da ordem; 7) devem ser 

mantidas as estruturas vigentes ao invés de se aderir às possibilidades incertas do 

futuro; 8) o Estado deve respeitar e ser regido por pressupostos morais 

transcendentais; 9) valorização do nacional em relação ao externo. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

125 | DOSSIÊ  

Tendo em mente essa estrutura teórica e analítica, iremos aplicar essa lógica a dois 

casos específicos: Brasil e Estados Unidos em seguida, analisar como as dimensões 

teóricas podem ser instrumentalizadas para a realidade empírica. 

METODOLOGIA 

UMA TENTATIVA DE INSTRUMENTALIZAR O CONCEITO DE 

CONSERVADORISMO APLICADO AOS CASOS DE BRASIL E ESTADOS 

UNIDOS 

Os dados utilizados foram extraídos da Pesquisa Mundial de Valores (HAERPFER et 

al., 2022; INGLEHART et al., 2014, 2009, 2004), ou, no idioma original, o World 

Values Survey (WVS). Essa pesquisa conta com bancos de dados resultantes de 

aplicações de questionários tipo survey ao longo de um período superior a 30 anos em 

um total de mais de 100 países.  

Os questionários da pesquisa foram examinados exaustivamente, buscando 

selecionar variáveis que mensurassem dimensões relacionadas ao conservadorismo. 

Foram considerados critérios como adequação empírico-teórica e a viabilidade do 

uso da variável no que diz respeito a dois pontos principais: 1) a disponibilidade 

dessas variáveis para uma quantidade significativa de países; 2) um recorte temporal 

que permitisse comparabilidade entre as diferentes ondas executadas no século atual. 

A seguir o resultado da decupagem da base de dados: 

Quadro 3. Elaboração empírica/teórica 

Conceitos 

Operacionalização (variáveis WVS) 

Crenças 

Um dos maus efeitos da ciência é que ela acaba com as ideias das 

pessoas sobre o que é certo e errado. 

Trabalhar é uma obrigação para com a sociedade. 

Homens são melhores que mulheres em: 1) política; 2) negócios. 

A universidade é mais importante para meninos do que para 

meninas. 

Homens devem ter mais direito a emprego do que mulheres. 

Nunca se justifica roubar propriedade privada de outros. 

Não acredita ter capacidade de escolha. 

Valores 

O sistema político ideal é governado por leis religiosas, não há 

partidos e eleições. 

Importância da religião. 

Importância de Deus. 

Importância dada à tradição. 

Preferência à competitividade em relação à igualdade de renda. 

Importância da família. 

Preferência pela iniciativa privada a empresas estatais. 

Em conflitos entre a ciência e a religião, a religião deve prevalecer. 

Gostaria que houvesse mais respeito pelas autoridades.  

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 126 

Uma qualidade importante nas crianças é a obediência. 

Uma qualidade importante nas crianças é o senso de 

responsabilidade. 

Uma qualidade importante nas crianças é a fé religiosa. 

Prefere segurança à liberdade. 

Considera-se religioso. 

Atitudes e 

comportamento 

Membro ativo de instituição religiosa. 

Participação religiosa frequente. 

Orgulho sobre a nacionalidade. 

É um objetivo nacional manter a ordem. 

Intolerância a vizinhos com hábitos diferentes (outra religião, 

homossexuais, pessoas não casadas vivendo juntas, estrangeiros ou 

de outras raças, pessoas que falam uma língua diferente). 

Contra: aborto, prostituição, sexo antes do casamento 

homossexualidade, eutanásia, divórcio. 

Negação da contribuição da ciência e tecnologia para uma vida mais 

saudável, confortável e fácil. 

Não confia em pessoas de outras religiões e de outros países. 

Impacto de imigrantes no país. 

Nossa sociedade deve ser defendida contra uma revolução.   

Nossa sociedade deve ser melhorada aos poucos por meio de 

reformas. 

Depende-se muito da ciência e não o suficiente da fé. 

As pessoas têm dificuldade em decidir quais regras morais seguir. 

A única religião aceitável é a minha. 

Fonte: Elaboração própria. 

Após esse processo de seleção de variáveis, elas foram tratadas de modo a se adequar 

aos testes de análise fatorial. Esse método foi escolhido por ser uma importante 

ferramenta para testar as construções empírico-teóricas de mensuração. Com efeito, 

a partir da análise fatorial, é possível analisar a relevância empírica de cada variável 

no modelo de mensuração de conservadorismo. Com isso, é oferecida a possibilidade 

de se comparar teoria e realidade ao avaliar a coesão das variáveis de acordo com o 

seu agrupamento resultante. Outra comparação viável diz respeito às 

variações/diferenças da estrutura do conservadorismo em sociedades distintas.  

Conforme ficou evidenciado na introdução, consideramos como manifestações 

conservadoras atuais aquelas ocorridas neste século. Com isso, as ondas de 

levantamento de dados que foram consideradas para a análise dizem respeito às 

primeiras duas décadas do século XXI. Assim, foram utilizados os bancos a partir da 

quarta até a sétima onda, com informações coletadas de 2001 a 2018. Antes de 

partirmos para os resultados em si, é importante destacar as características dos casos 

escolhidos e sustentar a escolha de comparação desses casos dentro do tema desse 

estudo. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

127 | DOSSIÊ  

O CONSERVADORISMO NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS 

Foram selecionados dois países como unidades de análise para a aplicação do modelo 

teórico desenvolvido: Estados Unidos e Brasil. A justificativa para esta escolha se dá a 

partir de dois parâmetros fundamentais: 1) o significado político e social que as 

manifestações conservadoras tiveram dentro e fora de seus países, isto é, seu nível de 

contribuição para o avanço do conservadorismo neste século, já explicitado 

detalhadamente no capítulo de contextualização; 2) a variabilidade de aspectos 

estruturais e institucionais, que será mais bem detalhada nesta seção. 

Destarte, dentro do campo da política comparada, seguimos a lógica identificada por 

Teune e Przeworski (1970) de utilizar poucos casos com muitas variáveis com o 

objetivo de aprofundar a análise de um fenômeno. O procedimento de comparação 

selecionado para o estudo desses casos em específico é o método da semelhança de 

John Stuart Mill. Nesta abordagem comparativa, os casos comparados devem ser 

muito diferentes entre si, mas necessitam assemelhar-se na ocorrência do fenômeno 

estudado e nas condições que se supõe que explicam tal fenômeno (MILL, 1886).  

Aplicando essa lógica aos casos estudados, Brasil e Estados Unidos apresentam um 

fenômeno em comum: avanço do conservadorismo no último século. No caso norte

americano, temos a eleição de Donald Trump a partir da implementação de uma série 

de bandeiras claramente conservadoras: nacionalismo, visão moral e conservadora 

da sociedade e da política, valorização da tradição. De maneira análoga, no Brasil, a 

eleição de Jair Bolsonaro à presidência do país e a composição de um Legislativo 

progressivamente comprometido com pautas conservadoras significaram o 

fortalecimento e imposição de uma agenda política moral, tradicional e 

economicamente liberal.  

Em se tratando das diferenças entre os casos, comparamos resumidamente no 

Quadro 4 as estruturas culturais e institucionais dos dois países.  

Quadro 4. Resumo dos casos Brasil x Estados Unidos 

Característica 

Brasil 

Estados Unidos 

Colonização 

Luso-ibérica 

Católica 

Inglesa 

Religião 

predominante 

Protestante 

Independência 

1822 – Monarquia 

1889 – República 

1776 – República Federal 

Constituição 

1988 – Influência do direito 

romano (rigidez). 

1787 – Direito consuetudinário 

(flexibilidade). 

Sistema político 

República 

Federativa 

República Federativa Presidencialista 

Presidencialista 

Sistema 

partidário 

Pluripartidarismo 

Bipartidarismo 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 128 

Eleições 

Voto obrigatório e direto. 

Voto não obrigatório e eleições 

definidas pelo colégio eleitoral. 

Cultura 

Personalismo, 

ceticismo 

em 

relação à política, rejeição à moral 

do trabalho, colonialismo, moral 

religiosa católica, patrimonialismo. 

Puritanismo, apreço à ética do 

trabalho, respeito aos códigos de 

conduta, às instituições e à lei, 

associativismo, 

idealização 

liberdade, nacionalismo. 

Conservadorismo - Influência luso-espanhola; - Centrado no catolicismo; - Origem associada à monarquia, 

ao unitarismo político e à moral 

cristã.  

da - Origem no liberalismo clássico  - Principais fundamentos: defesa das 

tradições 

ocidentais, 

liberdade, 

individualismo, nacionalismo; - Duas vertentes principais: 

conservadorismo 

fiscal 

conservadorismo social. 

Fonte: Elaboração própria. 

Definida a metodologia e instrumentalização empírica, na próxima seção são 

apresentados os resultados para as análises fatoriais dos dois casos. 

RESULTADOS 

Nesta etapa, finalmente avaliamos os instrumentos empíricos de mensuração. Deste 

modo, cumprimos os objetivos de comparar teoria/realidade e os dois casos 

selecionados. Além disso, visamos contribuir com novos estudos e aplicações do 

conceito ao analisar a relevância e a coesão das variáveis. Efetuamos a análise fatorial 

no software estatístico JASP2. Não foram feitas limitações à quantidade de fatores, 

devido ao objetivo exploratório da execução da análise fatorial neste estudo e porque 

algumas dimensões já foram previamente divididas conforme a teoria. Seguindo a 

definição de Hair (2009)3, as cargas fatoriais serão consideradas satisfatórias neste 

estudo quando forem ≥ 0,3. 

Tabela 1. Análise fatorial – crenças Brasil 

Fatores 

Variáveis 

Papéis sociais de 

gênero 

Homens são melhores executivos do que as mulheres 

Defesa propriedade 

privada 

Homens são melhores líderes políticos do que as mulheres ,686  

,762 

Universidade é mais importante para os meninos do que 

para as meninas 

,569 

Em situações de escassez de postos de trabalho, homens têm 

mais direito a emprego do que as mulheres 

Nunca se justifica roubar propriedade privada de outros 

,418  

,618 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,709. Bartlett's Test of 

Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,043. TLI = ,935. Fonte: Elaboração própria. 

2JASP (Version 0.14.1) [Computer software] (JASP TEAM, 2020). 

3Conforme o autor: cargas fatoriais na faixa de ± 0,30 a ± 0,40 são consideradas como atendendo ao nível 

mínimo para interpretação. Cargas de ± 0,50 são tidas como praticamente significantes. Cargas excedendo 

+ 0,70 são consideradas indicativas de estrutura bem definida (HAIR, 2009). 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

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Nos dados do Brasil, a análise fatorial para a dimensão de crenças conservadoras 

resultou em dois fatores com cargas fatoriais significativas. O primeiro foi 

classificado como papéis sociais de gênero, por abranger questões referentes à 

percepção sobre função e desempenho de homens e mulheres comparativamente. O 

segundo fator contém a variável de defesa da propriedade privada, que é um princípio 

diretamente associado à parte da ideologia liberal que está presente no 

conservadorismo. As seguintes variáveis não atingiram carga significativa: a) 

avaliação do papel da ciência na desconstrução das ideias sobre o que é certo e errado, 

b) “trabalhar é um dever que temos para com a sociedade” e c) percepção acerca da 

própria capacidade de escolha. 

Tabela 2. Análise fatorial – Crenças Estados Unidos 

Fatores 

Variáveis 

Papéis sociais de 

gênero 

Homens são melhores executivos do que as mulheres 

Defesa propriedade 

privada 

Homens são melhores líderes políticos do que as mulheres ,825  

,970 

Universidade é mais importante para os meninos do que 

para as meninas 

,728 

Em situações de escassez de postos de trabalho, homens têm 

mais direito a emprego do que as mulheres 

Nunca se justifica roubar propriedade privada de outros 

,409  

,465 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,765. Bartlett's Test of 

Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,051. TLI = ,956. Fonte: Elaboração própria. 

Assim como no caso brasileiro, a análise fatorial das variáveis referentes à dimensão 

de crenças no caso norte-americano resultou em dois fatores que apresentaram 

cargas fatoriais significativas. Igualmente, os dois fatores são: papéis sociais de 

gênero e defesa da propriedade privada. Também de forma semelhante, ambos são 

compostos pelas mesmas variáveis nos dois países. 

Tabela 3. Análise fatorial – valores Brasil 

Fatores 

Variáveis 

Religiosidade 

Segurança 

Importância da religião na vida 

,732 

,439    

Organização 

política/social 

Senso de 

dever 

Qualidade importante nas crianças: fé 

religiosa 

Importância de Deus na vida 

,336 

Prefere segurança à liberdade  ,429   

Ter um sistema regido pela lei religiosa 

no qual não há partidos políticos ou 

eleições 

,554 

Em conflitos entre a ciência e a religião, 

a religião deve prevalecer. 

Qualidade importante nas crianças: 

responsabilidade 

,478  

,761 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,683. Bartlett's Test of 

Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,022. TLI = ,944. Fonte: Elaboração própria. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 130 

O conjunto de variáveis selecionadas para corresponder à dimensão de valores, para 

o caso brasileiro, resultou em uma análise fatorial de três fatores diferentes. No 

primeiro fator, as cargas significativas ocorreram para variáveis relacionadas à 

religião. Em contrapartida, as variáveis sobre ter um sistema político religioso e a 

preferência da religião em contraposição à ciência apresentam carga significativa no 

terceiro fator, com isso, interpretamos que o conteúdo principal em comum que 

caracteriza esse fator são os aspectos da organização política, econômica e social. No 

segundo fator, a variável que mensura a preferência da segurança à liberdade ficou 

isolada.  

Variáveis 

Tabela 4. Análise fatorial – Valores Estados Unidos 

Fatores 

Religiosidade Organização 

política/social 

Importância da religião na vida 

,955 

Preferência 

empresa 

privada 

Importância de Deus na vida ,799   

Qualidade importante nas crianças: fé religiosa 

,738 

Em conflitos entre a ciência e a religião, a 

religião deve prevalecer. 

Ter um sistema regido pela lei religiosa no qual 

não há partidos políticos ou eleições 

,663   

,396 

Prefere segurança à liberdade.  ,343  

Uma mudança desejada para o futuro: ter maior 

respeito pelas autoridades 

,519 

Preferência por empresas privadas ou públicas   -,308 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,809. Bartlett's Test of 

Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,050. TLI = ,932. Fonte: Elaboração própria. 

A análise fatorial das variáveis que compõem a dimensão de valores para o caso 

norte-americano gerou três fatores. No primeiro fator as variáveis relativas à 

religiosidade obtiveram carga fatorial alta. No segundo fator, sobre organização 

política/social, as variáveis referentes à preferência por um sistema regido pela lei 

religiosa, à preferência pela segurança em relação à liberdade e ao desejo de que no 

futuro haja mais respeito pelas autoridades obtiveram cargas fatoriais significativas. 

No terceiro fator, a variável que mede a preferência por empresas privadas a públicas 

apareceu isolada, podendo ser interpretada como um valor associado ao aspecto 

econômico do funcionamento do país. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

131 | DOSSIÊ  

Tabela 5. Análise fatorial – atitudes e comportamentos (Brasil) 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,697. Bartlett's Test of Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,027. TLI = ,924. Fonte: Elaboração 

própria. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 132 

Para o caso brasileiro, a análise fatorial das variáveis selecionadas para compor a 

variável de atitudes e comportamentos conservadores resultou em sete diferentes 

fatores, classificados como: temas sensíveis, desconfiança com pessoas diferentes, 

ordem, ciência e tecnologia, religião, intolerância e nacionalismo. No primeiro fator 

ficaram agrupadas as variáveis referentes às atitudes dos indivíduos em relação ao 

aborto, eutanásia, prostituição e divórcio. No segundo fator, aparecem as duas 

variáveis que mensuram desconfiança interpessoal. No terceiro, encontram-se as 

duas variáveis que questionam a importância de manter a ordem nacional. No quarto 

fator, se relacionam as variáveis que medem a percepção das pessoas sobre o papel da 

ciência e tecnologia na vida pessoal e coletiva. No fator referente à religião, ficaram 

as variáveis que estimam o nível de participação e religiosidade dos indivíduos. No 

sexto fator, ficaram todas as variáveis que medem o nível de intolerância dos 

indivíduos a vizinhos com características, hábitos e identidades diferentes dos seus. 

No último fator ficou isolada a variável nacionalismo. 

De um modo geral, os fatores se mostram bastante coesos, agrupando variáveis 

semelhantes e com temas bem definidos. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

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Tabela 6. Análise fatorial – atitudes e comportamentos (Estados Unidos) 

Estimador: Diagonally weighted least squares. Método de rotação: promax. KMO = ,869. Bartlett's Test of Sphericity Sig. ,001. RMSEA = ,050. TLI = ,896. Fonte: 

Elaboração própria. 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 134 

Por fim, as cargas fatoriais referentes a atitudes e comportamentos conservadores no 

caso americano ficaram divididas em cinco diferentes fatores: temas sensíveis, 

intolerância, ciência versus fé, preferência pelo conhecido e religião. No primeiro fator 

ficaram agrupadas as variáveis de atitudes em relação aos temas: divórcio, sexo antes 

do casamento, aborto, prostituição, eutanásia e homossexualidade, juntamente com 

a variável de intolerância religiosa. Assim como no caso brasileiro, esse fator parece 

estar associado fortemente a dogmas religiosos e aos temas que são considerados 

pelo conservadorismo como ameaças à família e à vida.  

No segundo fator, estão presentes o conjunto de variáveis que dizem respeito à 

intolerância com vizinhos que possuam características, hábitos ou identidades 

diferentes daquelas dos entrevistados. No terceiro fator, ficou isolada a pergunta 

sobre a sociedade depender mais da ciência e não o suficiente da fé. No quarto fator 

temos um conjunto de variáveis que dizem respeito ao funcionamento social: o papel 

da ciência e da tecnologia, regras e o impacto de imigrantes no país. No último fator, 

ficou isolada a variável de nacionalidade. 

Foi feito neste estudo o esforço de oferecer ferramentas para compreender e 

mensurar o conservadorismo. Deste modo, o objetivo central foi analisar o fenômeno 

complementando teoria e empiria. 

CONCLUSÃO 

A princípio, o conservadorismo parece um fenômeno facilmente identificável e 

claramente definido. Nos períodos em que ascendem as chamadas “ondas 

conservadoras”, é extremamente comum ver pessoas utilizando o termo para fazer 

classificações, argumentações, discursos, diagnósticos e prognósticos (dentro e fora 

da comunidade acadêmica). E, talvez, seja justamente esse o principal desafio para o 

debate do tema. Quando, em geral, acredita-se que algum objeto político e social é 

conhecido, poucos se preocupam em realmente compreender o seu papel e seu 

significado.  

Com efeito, a despeito da recorrência de instabilidades políticas, econômicas e sociais 

concomitantes a avanços conservadores, a bibliografia tradicional ainda é incipiente 

em capacidade analítica teórica e aplicada. Destarte, o esforço para olhar o fenômeno 

por uma perspectiva mais pragmática é relativamente atual e ainda é um debate em 

construção nas ciências humanas. Inserido nesse empenho, este estudo teve por 

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

135 | DOSSIÊ  

objetivo contribuir para a construção de conhecimento mais robusto acerca das 

características do conservadorismo.  

Podemos começar destacando um achado importante e que suscita maior 

desenvolvimento em novos estudos, a revisão teórica, a perspectiva histórica e a 

contextualização do conservadorismo em suas manifestações mais atuais nos 

sugerem que regularmente contextos de instabilidade e avanços conservadores 

coincidem.  

Nesse contexto, a realização da análise fatorial foi fundamental para filtrar e refinar 

essas dimensões que aparecem no discurso conservador quando traduzidas em 

variáveis. O resultado corroborou a instrumentalização elaborada, pois a maioria das 

variáveis 

selecionadas 

apresentaram 

cargas 

fatoriais 

significativas. 

Complementarmente, os fatores formados corresponderam a temas que já haviam 

sido identificados teoricamente como princípios conservadores. 

Na comparação entre os casos, a análise fatorial resultante teve alguns elementos 

diferentes (presença ou ausência de variáveis e composição dos fatores), tais como a 

interpretação sobre a ciência ou o desempenho das variáveis relativas à religiosidade. 

Destarte, essa análise indica que mesmo que Brasil e Estados Unidos compartilhem 

de estruturas conservadoras, os indivíduos desses países apresentam diferentes 

modelos ou tipos de conservadorismo. 

Assim sendo, outro achado importante da análise fatorial exploratória foi a 

identificação de quais princípios conservadores têm coesão teórica-empírica no 

Brasil e nos Estados Unidos. Avaliando as dimensões conservadoras a partir de uma 

divisão temática, tiveram coerência os seguintes aspectos: papéis sociais de gênero, 

ideologia liberal econômica, religiosidade, formas de organização social, hierarquia, 

nacionalismo, moralidade, intolerância, senso de comunidade e normas de conduta. 

Esperamos que esses achados possam servir de referência a outros estudos sobre o 

avanço do conservadorismo no século XXI no Ocidente. 

Como continuidade deste estudo, seria importante avaliar diferentes ferramentas 

analíticas e de mensuração. Fica aqui o convite para tal iniciativa, porque se o terreno 

ainda é pouco conhecido, fica evidente neste artigo que o solo é fértil. O esforço para 

compreender um fenômeno complexo, não profusamente explorado e ainda durante 

o seu desenrolar é desafiador, mas sem dúvidas é de fundamental importância para o 

campo de conhecimento e é muito estimulante à curiosidade do pesquisador.  

Revista Debates, Porto Alegre, v. 17, n.1, p. 110-138, jan.-abr. 2023 

Duarte – O que é o conservadorismo?... | 136 

Com isso, esperamos ter contribuído com resultados, insights e ferramentas teóricas 

e empíricas que contribuam para a execução de novas pesquisas e a construção de 

conhecimento sobre o tema. 

SOBRE A AUTORA 

Jéssica da Silva Duarte: Pesquisadora de pós-doutorado em Ciência Política na Universidade Federal de 

Pernambuco (UFPE), Brasil. Doutora e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande 

do Sul. Bacharel em Ciências Sociais pela mesma universidade. Membro da rede World Values Survey, do 

NUPRI-USP e do Imakay Research Hub no Brasil. Trabalha com a temática de comportamento político 

aplicado ao conservadorismo e à desinformação. A dissetração da autora Jéssica da Silva Duarte * 

Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Administrativo do Athletico Paranaense, é conhecido por um estilo de gestão centralizador e intervencionista, o que frequentemente inclui cobranças diretas à comissão técnica e jogadores. 

Embora não haja relatos diretos e confirmados de que ele interfira pessoalmente nas escalações dos times, sua forte presença e a pressão exercida nos bastidores são fatores significativos no dia a dia do clube: 

Cobranças no CT: Petraglia tem como rotina visitar o CT do Caju e se reunir com a comissão técnica para cobrar resultados e "postura" da equipe, especialmente após resultados ruins. Essas reuniões têm um tom de alerta, vindo da autoridade máxima do clube.

Gestão Autoritária: Sua gestão é frequentemente descrita como "autoritária" e centralizadora, o que historicamente resultou em um alto número de trocas de técnicos ao longo de seus mandatos (mais de 50). Esse ambiente de alta pressão e a busca por um modelo de jogo que ele considera ideal podem levar os treinadores a se sentirem pressionados a seguir determinadas diretrizes.

Influência Indireta: A interferência pode ocorrer de forma mais sutil, através da definição de perfis de jogadores a serem contratados e da filosofia geral do futebol do clube, o que limita as opções dos técnicos.

Declarações Públicas: Petraglia já admitiu em entrevistas que a gestão deu "carta branca errada" para algumas pessoas no passado, indicando um desejo de manter controle estrito sobre as decisões do futebol. 

, a influência de Petraglia é inegável e se manifesta em cobranças e na definição de rumos, mas a escalação tática e técnica do time no dia a dia geralmente fica a cargo do treinador, ainda que sob intensa pressão e escrutínio da presidência. 

O conservadorismo, como ideologia política, tende a defender a manutenção das instituições sociais tradicionais, das hierarquias e da estabilidade, o que, em algumas manifestações e interpretações, pode estar associado a uma concentração de poder. No entanto, a relação entre conservadorismo e poder é complexa e varia de acordo com o contexto histórico e regional. 

Princípios e Concentração de Poder

Defesa da Hierarquia Social: Uma característica comum a muitas vertentes do conservadorismo é a crença na existência de uma ordem moral duradoura e na importância da hierarquia social. A manutenção dessas hierarquias pode, por inerência, implicar a preservação das estruturas de poder existentes, que frequentemente são concentradas em determinados grupos ou instituições (como a igreja, a família tradicional e o Estado centralizado).

Centralização do Poder Político: Historicamente, algumas manifestações do conservadorismo defenderam a centralização do poder. No Brasil Império, por exemplo, o Partido Conservador defendia um regime monárquico fortemente centralizado nas mãos do imperador para garantir a estabilidade e a unidade territorial, em oposição aos liberais que buscavam a descentralização.

Classes Dominantes: Análises críticas sugerem que o conservadorismo pode atuar como uma ideologia ou estratégia política das classes dominantes para preservar seus privilégios e o status quo, reagindo a conquistas de direitos por parte de grupos historicamente marginalizados. 

Variações e Críticas

Diversidade de Vertentes: O conservadorismo não é monolítico. Existem vertentes libertárias que defendem a menor intervenção do Estado na economia e nas liberdades individuais (especialmente onde esses valores fazem parte da tradição), enquanto outras são mais autoritárias. O conservadorismo se adapta às tradições locais, o que significa que um conservador indiano pode ter visões diferentes de um americano.

Controle Político vs. Religioso: Algumas escolas do conservadorismo argumentam que a diminuição do controle religioso em sociedades seculares leva a um aumento do controle político, abrindo caminho para o autoritarismo.

Mudanças Graduais: O conservadorismo, embora desconfie de mudanças sociais bruscas e revolucionárias, não é necessariamente contrário a todas as mudanças, mas busca que elas sejam graduais, necessárias e dentro da "arte do possível", visando a estabilidade política. 

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Imagem ; ESPAN Brasil. 





 

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