quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Os efeitos da globalização no futebol mundial.

 Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um modelo especial de constituição de empresas voltada para o futebol no Brasil. Em 8 de dezembro de 2018, este molde de sociedade foi inicialmente proposto por conselheiros e beneméritos influentes do Botafogo, e elaborado com a ajuda do clube carioca durante 3 anos, visando melhorar as gestões financeiras e as transparências nos clubes esportivos,[1] sendo oficialmente introduzido por meio da Lei nº 14.193 de 6 de agosto de 2021.

A grande diferença do novo modelo empresarial para os antigos clube-empresas, constituídos nas formas de S/A e LTDA, é que a SAF tem uma tributação mais vantajosa, além de possuir maior transparência, com regras claras de governança e com fiscalização pela CVM, o que deixa o negócio mais interessante e seguro para os investidores.

A globalização é o processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por todo o mundo, seja no âmbito econômico, social, cultural ou político. Entretanto, o principal destaque dado pela globalização está na integração de mercado existente entre os países.

Comecei a acompanhar futebol em meados da década de 1980. É claro que já nessa década, era comuns ver jogadores brasileiros indo jogar na Europa. Entretanto, cabe ressaltar que os salários não eram tão inflacionados como hoje. Eu me lembro de que quando craques como Muller e Romário subiam para o profissional, tinham que correr muito para conquistar um salário considerado de ponta no futebol. Os efeitos da globalização não eram tão profundos como hoje e os nossos melhores jogadores permaneciam nos clubes por mais tempo.

O ex-atacante Muller saiu do São Paulo pela primeira vez aos 22 anos de idade, em 1988.Na época, já era consagrado no futebol brasileiro e já havia marcado 45 gols em 80 partidas pelo clube. Já Romário começou profissionalmente no Vasco da Gama, em 1985. É é verdade que também foi jogar no futebol holandês, mas, aos 22 anos, também já era consagrado no Brasil, tendo anotado 139 tentos em 196 partidas pelo clube cruz maltino.

O ex-meia Raí é outro exemplo disso. Ele chegou ao São Paulo em 1987 e em seis anos no tricolor, venceu o campeonato paulistas (1989,1991 e 1992), o campeonato brasileiro em 1991, além das Copas Libertadores em 1992 e 1993 e o Mundial Interclubes em 1992. Na sua primeira passagem pelo clube do Morumbi, Raí disputou 369 partidas e marcou 125 gols.

Na época, eu me lembro de que o jogador saía daqui já consagrado no futebol brasileiro. O atleta o atleta se transferia para o exterior apenas após se consagrar aqui e ele tinha que lutar muito para conseguir um salário de ponta. No entanto, após o pentacampeonato da seleção de Felipão na Copa de 2002, a globalização explodiu no futebol e isso mudou a ordem das coisas.

Jogadores recém-promovidos para o time profissional passaram a ganhar fortunas. Isso não é necessariamente uma crítica, já que eu sei que a evolução faz parte não apenas do esporte, mas também do mundo em que vivemos. Um exemplo clássico disso foi o ex são paulino David Neres, que surgiu no São Paulo em 2016 e, após apenas oito jogos pelo tricolor, foi transferido para o Ajax da Holanda.

Com o futebol totalmente globalizado, os clubes brasileiros não tinham como competir com o poder dos clubes europeus. Desde a conquista da seleção na Copa de 2002, os europeus venceram os quatro últimos mundiais. Isso foi uma consequência natural da globalização, pois os nossos jogadores saiam daqui mais cedo e ensinavam a técnica brasileira no velho continente.

Aliás, caro(a) leitor(a), os efeitos da globalização no futebol não atingem somente o futebol brasileiro, mas também os argentinos que não conseguem segurar seus melhores jogadores nos seus clubes por muito tempo. Com isso, os salários dos jogadores foram inflacionados, os dirigentes passaram a fazer verdadeiras loucuras e endividam cada vez mais os nossos clubes. Hoje em dia no futebol globalizado, os jogadores que recém saíram dos juniores, passaram a ganhar salários que antes só eram pagos aos jogadores consagrados devido ao assédio cada vez mais precoce dos clubes europeus. Com isso, o futebol europeu aprendeu a técnica brasileira e impôs seu domínio global nas últimas quatro Copas do Mundo. E no atual cenário não vejo tantas expectativas de que a seleção brasileira volte a conquistar um título mundial tão cedo.

Nossos jogadores saem cada vez mais cedo e não tem qualquer identidade com o nosso país e o nosso futebol. O que, aliás, não é um problema somente do futebol brasileiro, pois os clubes argentinos também não conseguem manter seus principais jogadores no seu país. A evolução chega mais cedo ou mais tarde em qualquer seguimento e no futebol não é diferente, mas, entretanto, quem saiu ganhando com a globalização foram os europeus. Disso eu não tenho a menor dúvida.

As SAFS, são um avanço inevitável na nossa civilização contemporânea. Contudo, isso irá aumentar ainda mais a distância dos clubes brasileiros para os clubes europeus nas próximas décadas.

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Imagem: Site Amazon .








 

 




 


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