O Vasco avança em direção à constituição de empresa para administrar seu futebol e, mais importante, rumo à venda de participação majoritária para uma companhia estrangeira. O presidente do clube, Jorge Salgado, está em Miami e acaba de fechar um acordo com a 777 Partners.
As negociações levaram três meses. Após cinco versões diferentes, a diretoria vascaína chegou à proposta que considera adequada para o clube. O acordo ainda é "não vinculante", ou seja, o documento não gera obrigações para as partes envolvidas, até que o negócio seja consumado - precisa haver aprovação de sócios e conselheiros vascaínos.
A 777 Partners propõe o investimento de R$ 700 milhões na SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Vasco ao longo dos próximos anos, em troca da aquisição de 70% das ações dessa empresa. Também existe predisposição para investimentos na reforma de São Januário, o que potencialmente fará com que a operação como um todo supere o bilhão de reais.
Pelo lado vascaíno, as conversas foram conduzidas pelo presidente, Jorge Salgado; pelo CEO, Luiz Mello; pelo vice-presidente de finanças, Adriano Mendes; e pelo vice-presidente jurídico, Zeca Bulhões. A negociação também contou com participação da Matix Advisors.
A estrutura do negócio é semelhante à adotada por Botafogo e Cruzeiro nas vendas para John Textor e Ronaldo. O Vasco constituirá uma empresa e transferirá para ela ativos e direitos relativos ao futebol. Essa empresa, por sua vez, terá seu controle vendido para a 777 Partners, que passará a ser responsável por administrá-la. Valores e condições são diferentes dos casos de Botafogo e Cruzeiro.
O ge obteve detalhes minuciosos sobre a proposta feita ao Vasco, com exclusividade, e os relata a seguir, para que o torcedor e o associado vascaínos possam formar opinião sobre a venda da empresa que gerirá o futebol.
Quem é o investidor
A 777 Partners foi fundada em 2015. Com sede em Miami, nos Estados Unidos, a companhia investe em diferentes ramos: aviação, serviços financeiros, seguros, mídia e entretenimento.
No futebol, a empresa comprou integralmente o Genoa, da Itália, e adquiriu participação minoritária no Sevilla, da Espanha. Também há interesse em comprar outras equipes, na Europa e fora dela.
A 777 também tem participações sobre uma empresa que atua no futebol brasileiro, a 1190 Sports, responsável por vender direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.
Ainda no ramo das transmissões do futebol, a companhia investe na Fanatiz, serviço de streaming que exibe, principalmente, campeonatos de futebol para o mercado dos Estados Unidos.
Quanto será investido
Na oferta que agradou à direção do Vasco, a 777 Partners se responsabiliza por investir R$ 700 milhões na SAF ao longo dos próximos anos, lidar com o pagamento integral das dívidas do clube – hoje estimadas por dirigentes em R$ 700 milhões –, além de potencialmente investir na reforma de São Januário.
Salgado assinou, em Miami, um "pré-acordo". A venda dos 70% do clube-empresa, mediante esses valores, ainda não foi sacramentada, pois dependerá da aprovação de associados vascaínos. Há um prazo de 90 dias (três meses) para que todos os trâmites políticos e burocráticos (diligência, redação do contrato, etc) sejam realizados.
Em relação ao investimento, haverá a antecipação de R$ 70 milhões, para que o Vasco lide com despesas e dívidas de curtíssimo prazo. Esse valor será aportado pela 777 no clube imediatamente, na forma de um empréstimo convencional, e passará pelo crivo do Conselho Fiscal.
Caso a venda da participação sobre a SAF ocorra, esses R$ 70 milhões farão parte dos R$ 700 milhões do investimento global. Portanto, a 777 ainda precisará injetar outros R$ 630 milhões na empresa.
Na hipótese de o negócio não ser concretizado nos próximos três meses, esses R$ 70 milhões serão considerados um empréstimo comum, que deverá ser devolvido pelo clube com taxa de juros e prazo determinado.
O investimento da 777 Partners servirá para acelerar a recuperação do futebol vascaíno, por meio de infraestrutura e reforços para o futebol. A construção de centros de treinamento estará garantida por contrato, dentro desse valor que os americanos se dispõem a aportar. Jogadores serão contratados para tornar o time novamente competitivo.
Como funciona a sociedade
Caso a venda para a 777 Partners ocorra, a empresa que administrará o futebol do Vasco se dividirá, inicialmente, em 70% para os investidores e 30% para a associação civil sem fins lucrativos. Em outras palavras, haverá sociedade entre as partes na gestão do futebol a partir de 2022.
A participação majoritária dá aos americanos o poder de decisão em tudo o que tiver relação com a prática da modalidade, desde questões administrativas e financeiras até a condução do futebol em seu cotidiano. Mas o modelo estabelece limitações ao que os novos donos podem fazer.
Questões ligadas à identidade da instituição estão resguardadas. Mesmo que o novo dono queira fazer mudanças em nomes, símbolos, cores, hinos e cidade-sede, para citar alguns exemplos, a associação Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG) terá poder de veto.
Também haverá regras antidiluição, para que o CRVG não tenha nunca menos de 10% sobre o total das ações. Isso pode acontecer, no futuro, caso os sócios tomem a decisão de emitir novas ações para captar novas rodadas de investimento. A regra impede que a associação seja prejudicada, com a diluição, nessa hipótese.
Na prática, a SAF terá uma estrutura profissional, com a existência de executivos para as principais posições: CEO (diretor-geral), diretor financeiro, diretor jurídico, etc. Essa estrutura responderá a um Conselho de Administração e um Conselho Fiscal, compostos por membros indicados pelos dois sócios: 777 Partners e CRVG. E esses órgãos organizarão e executarão o que os acionistas entendem como adequado para a condução do negócio.
Para estimular a competitividade do Vasco em campo, a diretoria negociou mínimos garantidos em relação a despesas – de maneira similar ao que foi feito pelo Botafogo, porém com valores e prazos diferentes. A preocupação é de garantir que o clube não se torne um satélite de um estrangeiro, quando fizer parte de uma multinacional do futebol.
Quem fica com o estádio
No acordo que acaba de ser assinado entre Vasco e 777 Partners, fica estabelecido que o estádio São Januário continuará a ser propriedade da associação civil. O clube-empresa, controlado pelos novos proprietários, assumirá a gestão do equipamento por meio de um contrato de aluguel, que terá 50 anos de duração, prorrogáveis por mais 50.
O valor desse aluguel ainda está sendo definido pela diretoria, e a quantia que será repassada para a associação civil, CRVG, financiará suas atividades sociais e as demais modalidades esportivas.
Além disso, os custos do complexo esportivo passarão a ser de responsabilidade da SAF. Isso fará com que a associação reduza drasticamente seus gastos no cotidiano, pois a manutenção de São Januário representa grande parte deles.
É natural que, para tornar o negócio da empresa mais rentável e competitivo, os novos proprietários queiram uma reformulação do estádio. Para tanto, existe a previsão de investir um valor adicional em sua reforma, com renovação completa da infraestrutura.
Por se tratar de assunto complexo, que envolve direitos de sócios patrimoniais, a diretoria do Vasco pretende debatê-lo nos próximos três meses, até que se chegue a um formato que contemple os interesses dos antigos proprietários (os sócios) e os novos (os investidores americanos).
Como a associação se financiaria
Parte relevante dessa história está na aprovação política, a ser concedida por sócios e conselheiros vascaínos, para que o negócio com a 777 Partners seja concretizado. Para tanto, será necessário um modelo que permita à associação civil, também composta por atividades sociais e outras modalidades esportivas, sobreviver após a separação do futebol.
O aluguel de São Januário é uma das entradas possíveis de dinheiro, mas não a única. Além dele, está previsto no acordo que a SAF pagará à associação uma quantia adicional de R$ 1 milhão por ano, a título de remuneração por uso da marca do Vasco no futebol.
Atualmente, de acordo com os dirigentes envolvidos, as mensalidades dos sócios-patrimoniais rendem cerca de R$ 6 milhões ao ano. Isso não inclui a parte do sócio-torcedor, que não tem direito a voto e tampouco se envolve na vida social. Essas mensalidades continuarão a ser integralmente da associação.
Uma vez regularizada a situação fiscal do Vasco, a associação poderá formular projetos para captar patrocínios via Lei de Incentivo ao Esporte. Isso abrirá mais uma fonte de arrecadação para financiar modalidades olímpicas, tradicionais em São Januário, como basquete, vôlei e remo.
Em resumo, as receitas anuais da associação civil serão as seguintes:
R$ 6 milhões em mensalidades de sócios
R$ 1 milhão em royalties pela marca Vasco
Y (a definir) pelo aluguel de São Januário
X (a definir) em patrocínios incentivados
Venda de ações para torcedores
Em paralelo à negociação de 70% do capital do clube-empresa para a 777 Partners, a diretoria do Vasco prevê a possibilidade de negociar mais 10% no mercado, para que torcedores comuns possam se tornar proprietários de percentuais minoritários da SAF.
A operação funcionará por meio de uma emissão de debêntures. Esses são títulos de dívida, geralmente usados no mercado financeiro por companhias que estão levantando recursos, mas que não querem se endividar por meio de empréstimos convencionais.
Considere que um torcedor hipotético queira investir no Vasco SAF. Num primeiro momento, ele compra uma quantidade de debêntures por certo valor. Essas debêntures dão a ele o direito de receber o dinheiro de volta depois de determinado prazo, acrescido de juros, como uma modalidade de investimento pessoal.
Num segundo momento, essas debêntures poderão ser convertidas em participação sobre a empresa. Ou seja, em vez de recuperar o investimento com juros, esse torcedor trocaria os títulos de dívida por um percentual sobre o clube-empresa. A partir de então, ele seria proprietário de parte minoritária do Vasco SAF.
Uma vez que 70% da empresa serão negociados com a 777 Partners por uma promessa de R$ 700 milhões em investimentos, no entendimento dos responsáveis pelo negócio, esses 10% da empresa valerão R$ 100 milhões. O valor será usado como base para as debêntures conversíveis.
Caso o projeto avance, nessas circunstâncias, o desenho da SAF será:
70% da 777 Partners
20% do Club de Regatas Vasco da Gama
10% de sócios minoritários
Os R$ 100 milhões captados por meio dessa venda serão aplicados na operação da empresa, ou seja, também seriam investidos em infraestrutura e reforços para o futebol.
Quem paga a dívida
Dirigentes vascaínos estimam que o endividamento do Vasco esteja, atualmente, em cerca de R$ 700 milhões. O balanço auditado, referente a 2021, a ser publicado até 30 de abril, confirmará esse número.
O clube-empresa será responsável por pagar essa dívida, nos limites estabelecidos pela Lei da SAF, recém-criada pelo Congresso brasileiro para estimular a migração dos clubes para o modelo empresarial.
Na prática, a SAF vascaína terá que dedicar 20% de suas receitas correntes mensais para o pagamento de dívidas cíveis e trabalhistas. Esse repasse financeiro está organizado pelo Regime Centralizado de Execuções (RCE), mecanismo instituído por essa mesma lei, ao qual o Vasco já aderiu, apesar de ainda não ter aberto sua empresa.
O RCE dá à empresa um período de seis a dez anos para quitar completamente as dívidas negociadas por meio dele, com monitoramento judicial. Caso a SAF não consiga zerá-las nesse prazo, essas dívidas serão incorporadas à empresa.
Adicionalmente, a Sociedade Anônima do Futebol precisará arcar com os pagamentos acordados via transação tributária, uma negociação feita recentemente pelo Vasco com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Esse acordo responde pela maior parte das dívidas tributárias.
Teoricamente, os R$ 700 milhões investidos pela 777 Partners podem ser aplicados somente em infraestrutura e jogadores. Uma vez que o Vasco ganhe competitividade e aumente suas receitas, são essas receitas que dariam maior capacidade de arcar com as dívidas, ao longo dos próximos dez anos. Também teoricamente, caso as receitas não subam e falte dinheiro para lidar com o endividamento, é possível que parte desse investimento seja redirecionada para essa finalidade. A informação é do Jornalista Rodrigo Capelo, no Portal Globo Esporte, nesta segunda feira (21).
Á você que está me lendo eu digo : Um clube esportivo é uma associação sem fins lucrativos ou uma empresa que possui uma estrutura e equipes profissionais ou amadoras, de atletas que praticam esportes, sejam esportes individuais ou coletivos.
Tradicionalmente os clubes possuem torcedores (as) que os apoiam e os acompanham durante as competições e participam de torneios de grande publicidade. Os clubes possuem suas fontes de receitas, tais como as bilheterias de seus jogos e demais eventos, acordos financeiros com empresas, que inclui propaganda e outras formas de patrocínio. Outras fontes de receitas dos clubes são as vendas de suas roupas oficiais, vendas de produtos licenciados do clube, as mensalidades e contribuições de sócios que frequentam as instalações do clube e utilizam as suas instalações.
Clube empresa é um clube esportivo que ao invés de ser constituído juridicamente como uma associação civil sem fins lucrativos, é ao contrário, uma empresa criada com o objetivo de lucro a partir dos esportes. Clube empresa são comuns em muitos países da Europa . Contudo, é um fenômeno raro na América do Sul.
Um Banco Central ou autoridade monetária é uma entidade independente oyu ligada ao Estado, cuja função é gerir política econômica, ou seja garantir a estabilidade e o poder de compra da moeda de cada país e do sistema financeiro como um todo.
Um Banco Central, tem como objetivo, definir as politicas monetárias, ( como taxas de juro e cambio), e as politicas monetárias que regulamentam a economia global. Um Banco faz isso, interferindo mais ou menos no mercado financeiro, vendendo papeis do tesouro nacional, regulamentando taxas de juros e avaliando os riscos econômicos do país.
Banco é uma instituição financeira intermediária entre agentes superavitários e agentes deficitários. Exercem, além de outras funções, a de captar os recursos dos superavitários e emprestá-los a juros aos deficitários, gerando a margem de ganho denominada de spread bancário.
Eu acompanho futebol desde criança, ainda em meados da década de 1980. Desde a minha infância, eu sempre vi os clubes brasileiros serem administrados de forma amadora por dirigentes completamente despreparados para o oficio.
Os nossos dirigentes jamais entenderam a lei bosman. A Lei Bosman é uma lei que permitiu que os futebolistas, que também são considerados trabalhadores comunitários, não se vissem impedidos de atuar em outro país da União Europeia, devido as normas internas da UEFA e pelas normas das Federações Nacionais de Futebol. A Lei Bosman foi proferida pelo Tribunal de Justiça da União Europeia em 15 de Dezembro de 1995.
Com a Lei Bosman, era absolutamente fundamental que os clubes brasileiros se preparassem para a nova globalização mundial. O que exigiria clubes com as contas equilibradas, para garantir a competitividade mínima dos nossos clubes no futebol internacional.
Mas, entretanto, o que vimos foi um show de amadorismo da grande maioria dos dirigentes dos nossos clubes. Em sua ampla maioria, os clubes brasileiros, estão simplesmente quebrados, com o pires nas mãos.
Na essência do amadorismo clubístico, os dirigentes brasileiros se recusam a entender o óbvio. Um clube esportivo não é um banco. Em um clube esportivo, não se pode dividir lucro.
Em um clube esportivo, o lucro gerado em receitas financeiras, deve ser aplicado igualmente em todas as áreas esportivas do clube. Um clube esportivo, deve ter equilíbrio fiscal e pagar suas contas em dia.
Contudo, o que eu sempre vi desde a minha infância, foram desmandos e mais desmandos de dirigentes completamente amadores nas gestões da imensa maioria dos nossos clubes.
Um futebol cada dia mais globalizado, irá pedir administrações mais profissionais nos clubes brasileiros. Os clubes no Brasil, já não podem ficar reféns de dirigentes completamente despreparados para gerir clubes esportivos no país
Em uma economia digital, cujo capital é gerado a médio e baixo custo, os clubes brasileiros terão que ter equilíbrio fiscal e capacidade para pagar suas contas em dia.
O Vasco da Gama paga a conta da irresponsabilidade fiscal dos seus dirigentes. O Vasco da Gama paga a conta dos gastos dos seus dirigentes sem a menor justificativa de receita.
O clube empresa começa a ganhar força no Brasil. Após a aprovação pelo Governo Federal, alguéns clubes já se tornaram empresas no Brasil. O meu São Paulo também tem uma divida já bem próxima dos R$ 700 milhões.
Eu não ficarei surpreso se o meu São Paulo se tornar um clube empresa em futuro próximo.
Imagens : Blog do Jornalista Rodrigo Capelo, no Portal Globo Esporte.