Houve um tempo em que apenas a qualidade técnica bastaria para um grande time impor sua melhor estratégia em campo, era assim na época dos grandes craques nos anos 1960 e 1970, por exemplo, comecei a acompanhar futebol entre 1983 e 1984, nessa época tínhamos grandes craques como Muller e Careca. É certo que algumas coisas já estavam mudando, mas ainda assim bastava um time ter a qualidade individual dos craques para resolver uma partida e consequentemente um campeonato.
Então vieram os anos 90 e o preparo físico começou a dar as caras no futebol. A medicina esportiva também evoluiu como nunca antes e ainda assim a qualidade dos grandes jogadores resolvia tudo. No Brasil, tivemos grandes esquadrões nessa década, como o São Paulo de Tele Santana e também os timaços de Palmeiras e Corinthians montados por Vanderlei Luxemburgo. Porém, nas Copas, em 1990 e 1994, não tivemos as seleções jogando um futebol vistoso, pelo contrário, as equipes jogavam fechadas na defesa apostando no preparo físico e na marcação.
Então vieram o começo dos anos 2000. Talvez tenhamos tido o avanço ainda maior do preparo físico e da marcação no futebol. Nessa época os times já se preocupavam em ocupar o campo e não dar espaços para o adversário jogar. Os clássicos entre os grandes clubes e seleções, que eram sinônimos de futebol ofensivo, passaram á ficar caracterizados pela marcação feita com duas linhas de quatro ou até cinco jogadores.
Segundo muitos analistas, a revolução no futebol que teria acontecido entre 2008 e 2009, teria aprimorado ainda mais os conceitos que já vinham evoluindo desde o começo dos anos 2000. Coincidência ou não, desde a conquista do pentacampeonato em 2002 a seleção brasileira vem acumulando três copas consecutivas de pura frustração, isso deu munição aos críticos que argumentavam que alguns dos nossos treinadores não haviam acompanhado as mudanças ocorridas no futebol entre 2008 e 2009. Na Copa de 2010, a Espanha conquistou seu primeiro título mundial jogando um futebol ofensivo somado á uma boa postura tática, principalmente ocupando os espaços na marcação sem a posse de bola. Assim como foi a Alemanha campeã mundial em 2014. Como foi a seleção francesa campeã mundial em 2018, alinhando a qualidade técnica a disciplina tática.
Não há duvidas que o futebol mudou muito na questão tática e na preparação física, isso com certeza nivelou mais as equipes. Nos campeonatos entre clubes e seleções, é nítido que equipes sem tantos valores individuais conseguem se igualar aos times de alto nível técnico com um bom condicionamento físico e boa postura na marcação.
Claro que é evidente que os craques diferenciados dos demais sempre farão coisas diferentes, mas, o fato é que hoje em dia todos são atletas com o mesmo condicionamento físico e com isso o futebol ficou mais nivelado em relação a vinte ou trinta anos atrás por exemplo. A evolução faz parte de qualquer modalidade esportiva e no futebol não é diferente
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